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#FiqueEmCasa dispara a realização de pequenas reformas

Por Cidades e Serviços
Última atualização: 18/01/2021

CAPA-pequenas-reformas-pintura
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A pandemia impactou diretamente diversos setores da nossa sociedade. No entanto, um setor em específico viu seu rendimento aumentar a passos largos a partir da metade do ano, logo depois do momento de maior isolamento social. As pequenas reformas ou as obras “formiguinha” – jargão do setor que se refere a pequenos reparos como pinturas, consertos de parede etc., por conta própria ou por contratos com terceiros – tiveram um boom de crescimento.

De acordo com uma pesquisa do Grupo Consumoteca, 55% das pessoas da classe A e 39% da classe C fizeram alguma mudança na decoração desde o início da pandemia. Os portais de venda de produtos ligados à casa, reformas e construção também tiveram crescimento no período: a Mobly, por exemplo, marketplace de móveis e itens decorativos alcançou mais de 100% de aumento nas vendas durante a pandemia (de fevereiro a agosto/2020), com destaque para cadeiras e mesas de escritório, além de móveis para a sala de estar. 

Homem de máscara trabalhando em obra dentro de apartamento
Banheiros e escritório foram os locais mais requisitados durante a pandemia

Os especialistas e trabalhadores do setor acreditam que o fato de as pessoas estarem em casa por muito mais tempo fez com que muita gente olhasse para dentro pela primeira vez. Ou ainda despertou aquela velha vontade de fazer uma pintura, de trocar os puxadores, enfim, aquelas consertos que sempre deixamos para depois.

Foi assim com o assistente social e terapeuta Yago Pereira. Cumprindo à risca as normas de distanciamento social desde o início da pandemia, Yago está isolado em sua casa. As mudanças começaram com um pequeno reparo num rodapé que estava caindo há algum tempo. Em seguida, veio a ideia de pintar a sala para dar mais vida ao ambiente. Depois, por que não reformar os móveis? Assim, de um rodapé problemático, Yago acabou fazendo pequenas grandes reformas na casa toda, no melhor estilo “faça você mesmo”, com muita iniciativa e tutoriais do YouTube.

“Além de estarmos com móveis reformados, pintura nova, rodapé corrigido, as reformas foram também uma forma de tirar o foco do estresse das notícias. Em maio, as coisas estavam muito pesadas e ocupar o tempo também evitou crises de ansiedade. Foi uma forma de melhorar não só o ambiente, mas o clima da casa”, explica ele.

Yago mora em casa, assim, não teve tanto estresse com relação aos vizinhos. No entanto, quem mora em apartamento e quis reformar, teve que estar atento às regras estipuladas por cada condomínio. No início da pandemia, praticamente todos os síndicos interromperam ou proibiram obras nas dependências sociais e nas unidades. O motivo: evitar que pessoas de fora entrassem no prédio e evitar aglomeração. Aos poucos, cumprindo as normas de segurança do Ministério da Saúde, essas obras foram voltando a acontecer, atingindo o seu pico no segundo semestre.

Pessoas de máscara conversando dentro de apartamento em reforma
Equipe da empresa Help Reformas em mais um projeto: crescimento de 20% em 2020

Segundo o empresário Vitor Xavier Henriques, sócio da empresa carioca Help Reformas, especializada em reparos de unidades, a segunda metade de 2020 foi “o Natal” do setor e daqueles muito bons.

“A gente tem um histórico de a partir de agosto ser uma época boa para reforma e construção. Mas durante a pandemia, passamos um grande período parados, de março a maio. Chegou a ter o lockdown e fechamos tudo. Depois, quando as medidas começaram a afrouxar, o mercado voltou com força total. A demanda foi muito grande. Para se ter uma ideia, tivemos um crescimento de 20% em 2020, mesmo com três meses parados”, comemora.

Vitor conta que houve demanda de todo tipo de serviço, com destaque para reformas de banheiro, e claro, home office. “Na maioria das vezes, a reforma completa envolvia um dos cômodos ser voltado para o home office ou transformado em estúdio para transmissões on-line”, diz.

Para seguir com as demandas, foi preciso reduzir a quantidade de funcionários por obra, oferecer a possibilidade de afastamento aos funcionários com comorbidade, adquirir EPIs para todos, além de implementar treinamentos não só sobre as novas regras sanitárias, mas também sobre o novo coronavírus e como acontece o contágio.

“Como os síndicos foram os responsáveis pelas próprias regras em cada edifício, em alguns não podíamos ficar mais de cinco horas na obra e ainda com equipe reduzida, assim, o período todo trouxe muitos desafios”, relembra.

Nos condomínios da cidade de Niterói, no Estado do Rio, era necessário limpar todo o ambiente do reparo a cada duas horas, obedecendo a um decreto municipal. Já na cidade carioca, a cada três horas. Vitor conta ainda que teve que lidar com a falta de materiais essenciais, como o cobre, que sumiu das grandes produtoras, pois muitas fábricas grandes pararam.

O mercado de arquitetura também recebeu essa alta procura. “Acredito que mesmo com a crise econômica, as pessoas que estavam em casa resolveram olhar para dentro. Isso despertou muitas questões. Senti muita procura por projetos de interiores. Muita gente não olhava para a casa, como está olhando hoje. Houve uma necessidade de ter um ambiente mais agradável, com mais personalidade”, explica a arquiteta paulista Amanda Rocha, do escritório Due Arquitetura.

Amanda Rocha, arquiteta, em foto preto e branco
Segundo a arquiteta Amanda Rocha, no ano de 2020 houve uma grande procura por design de interiores

A profissional sentiu um crescimento de 40% na demanda de projetos de interiores e ainda um outro detalhe: “quem fazia só arquitetônico, quis fazer interior também. Muitos deixavam isso para depois, mas agora, a procura por fazer junto aumentou”. 

Projeto de design de interiores de um home office, pela arquiteta Amanda Rocha
Neste projeto assinado por Amanda Rocha, a idealização de um nome home office para o cliente

Vale lembrar que as reformas podem sim acontecer, mas obedecendo às regras sanitárias dos decretos municipais, do Ministério da Saúde, da OMS e ainda, obedecendo às regras de praxe de cada condomínio como os horários adequados para evitar barulhos e conflitos com vizinhos.

 

TOP 5 REFORMAS DA PANDEMIA:

1 – Home office – Segundo a Fundação Instituto de Administração, 40% das empresas brasileiras adotaram o home office, assim criar um ambiente de trabalho seja num quarto novo, na sala ou no próprio quarto de dormir virou a meta de muitos brasileiros;

2 – Pinturas – Aquela velha pintura que sempre ficava pra depois também foi destaque no período;

3 – Interiores – Projetos de interiores, mudanças nas dependências também foram alguns dos mais procurados;

4 – Móveis e itens de decoração – Móveis também bateram recorde de vendas. O Mercado Livre, por exemplo, de 24 de fevereiro a 3 de maio, registrou 84% mais pedidos na categoria Casa, Móveis e Jardim, em comparação ao mesmo período do ano passado;

5 – Armazenamento e liberação de espaço – As transformações em casa, independentes ou não, repercutiram também em outro mercado: o de aluguel de espaços de armazenagem. A GuardeAqui, empresa do setor, teve aumento de 24% de novos interessados de abril a junho de 2020, comparado ao período de janeiro a março.

 

Por: Mario Camelo

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