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Os desafios para se tornar um nômade digital

Por Cidades e Serviços
Última atualização: 21/06/2021
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Com a popularização dos trabalhos remotos, conceito ganhou destaque e vem atraindo cada vez mais interessados.

A pandemia do coronavírus fez com que o trabalho remoto se tornasse uma realidade definitiva para muitas pessoas. E com isso um conceito, que não é exatamente novo, vem ganhando cada vez mais destaque: são os nômades digitais, pessoas que trabalham de qualquer lugar do mundo, sem precisar de uma base fixa ou endereço. Mas, quem pretende adotar esse estilo de vida precisa estar atento a uma série de questões para evitar turbulências inesperadas.   

O casal Patrícia Figueira e Vinícius Teles se tornou nômade há mais de uma década e de lá para cá passou por mais de 400 cidades em 70 países. Tudo começou com uma viagem rápida para Buenos Aires em que acabaram decidindo se mudar para lá definitivamente.

“A gente passou mais ou menos um ano e meio preparando as coisas no Brasil. A Patrícia era fotógrafa de casamento e tinha trabalhos agendados até o final de 2010. Durante esse período, ficamos no Brasil para que ela pudesse cumprir os compromissos. Aí depois fomos finalmente para a Argentina, mas antes para Bariloche, porque não queríamos ficar no calor do verão de Buenos Aires. E lá, lendo alguns livros estrangeiros, tive o primeiro contato com o conceito de nômade digital. Estávamos numa situação em que podíamos começar essa vida, porque o meu trabalho era totalmente on-line e o da Patrícia continuaria a ter um componente presencial no Brasil, mas daríamos um jeito. O mais importante era que a gente não tinha mais nada que nos segurasse, porque havíamos vendido tudo no Brasil. Naquele momento, só tínhamos as malas que carregávamos, então foi tudo muito oportuno. Foi parte planejada e parte um acaso”, conta Vinicius. 

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O casal Patrícia Figueira e Vinícius Teles se tornou nômade há mais de uma década e de lá para cá passou por mais de 400 cidades em 70 países.

Para quem pretende adotar o conceito, ele alerta que é preciso um tempo de planejamento: “Creio que um ano seja um tempo adequado para quem quer embarcar nesse estilo de vida. O grande problema quando você já está com o trabalho on-line resolvido, como era o nosso caso, é resolver as outras questões da vida, como esvaziar o apartamento e pendências que acabam nos ancorando num lugar”.

Na época em que começaram, ele era programador de software. Desde 2016, eles transformaram a experiência de vida num negócio, o “Casal partiu”, voltado para educar e formar novos nômades. 

“Após cinco anos viajando, começamos a perceber que as pessoas tinham interesse por esse assunto e vimos que era possível criar um negócio em torno disso. Eu escrevi um livro, o primeiro sobre o assunto publicado no Brasil. Depois, criamos uma série de treinamentos com enfoques diferentes. Hoje, oferecemos serviços educacionais para que as pessoas tenham o domínio das técnicas necessárias para fazer uma transição tranquila para este estilo de vida”, conta.

Mesmo com todo o planejamento, Vinícius confessa que ele e a mulher lidam com um desafio constante: “Tem um aspecto bem prático que afetou muito a gente, que foi a mudança da conjuntura cambial. Quando começamos, o dólar custava R$1,50. De lá para cá o Real perdeu muito valor e os nossos trabalhos sempre foram no Brasil. Continuam sendo. Mas, algo surpreendente foi que a gente foi aprendendo a fazer mais com menos. Conseguimos manter o nosso orçamento planejado para as despesas. Desenvolvemos uma série de técnicas para não gastar mais do que o previsto e tentar manter o mesmo conforto”, frisa.  

 

Minimalismo é a palavra de ordem para os itens de viagem

Quem pretende se tornar um nômade digital precisa entender que, além do desapego a um endereço fixo, é preciso se libertar da necessidade de carregar consigo uma série de itens pessoais. “O minimalismo em termos de bagagem definitivamente é algo que se aplica. Porque não é sustentável você carregar um monte de malas. Você consegue fazer isso numa viagem curta, mas você não aguenta fazer isso por dez anos. Isso não quer dizer que necessariamente a pessoa precisa adotar o minimalismo no seu dia a dia. No nosso caso, quase todos os lugares em que vamos ficamos em apartamentos alugados por temporada e eles dispõem de tudo o que precisamos para viver muito bem. Muitos são até mais confortáveis do que o apartamento que morávamos no Brasil”.

Entre os itens pessoais essenciais, ele aponta: “Roupas, mas não muitas. Para uma semana ou dez dias. Todos os lugares que vamos têm máquina de lavar. Carregamos sempre nossos casacos grandes para o frio, mas eles não vão na mala, vão no corpo ou carregamos no braço. E temos os nossos equipamentos, que ocupam a maior parte do espaço. É uma espécie de um mini estúdio, para as gravações dos vídeos dos cursos. Então, além dos notebooks e dos celulares, estão itens de iluminação e algumas câmeras”, explica. 

E, fora os itens físicos, há também serviços e plataformas digitais que não podem faltar no dia a dia de um nômade. Para Vinícius, além do Zoom, os essenciais são o Dropbox (serviço de armazenamento de arquivos), Google Docs, Google Sheets (planilhas), Google Calendar, Loom (plataforma que permite gravar a tela do computador sem precisar instalar qualquer ferramenta ou software), Telegram, Trello (listas de tarefas) e Canva (plataforma de design gráfico).

 

Sonho adiado (em partes) pela pandemia  

Aos 55 anos, a carioca Olivia Souza Cruz viu a sua vida mudar após a demissão do emprego de quase 20 anos num grande jornal, em 2015. A partir daí ela decidiu ser a sua própria chefe e criou um blog de turismo chamado “Olivia garimpando por aí”. Em 2020, resolveu adotar o conceito de nômade digital, mas logo após o primeiro destino, para a cidade de Cumuruxatiba, no extremo sul da Bahia, surgiu a pandemia do coronavírus. “Continuo na cidade até hoje e ficarei até que seja seguro voltar a viajar. Neste tempo, continuo trabalhando de forma remota, não só com o blog, até porque o setor do turismo foi bastante prejudicado com a pandemia”, explica. 

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Olivia começou a vida como nômade digital, em 2020, e por conta da pandemia precisou adiar a jornada – hoje, mora na cidade de Cumuruxatiba, no extremo sul da Bahia.

E mesmo com a curta experiência com o estilo de vida, Olivia já percebeu algumas questões importantes: “O primeiro passo é entender que ser um nômade digital não é viagem de volta ao mundo, não é turismo… Você só vai estar vivendo e trabalhando em diferentes lugares, mas vai precisar ter uma rotina. Acho importante também permanecer por um período razoável em cada lugar, porque ficar viajando o tempo todo com certeza ficará cansativo”, diz. 

 

Por: Gabriel Menezes

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