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Uma luz em dias de crise

Por Cidades e Serviços
Última atualização: 02/08/2021

luz
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Em tempos em que o país passa por uma grave crise hídrica e o preço da conta de luz está nas alturas, as fontes alternativas de energia ganham ainda mais relevância. Para o presidente executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Rodrigo Sauaia, o segmento é acima de tudo estratégico para o país neste momento. 

“A geração própria de energia solar em telhados e pequenos terrenos é hoje uma importante ferramenta para reduzir a demanda por eletricidade no país, sobretudo nos horários de pico, entre 11h e 18h. O aumento do risco de racionamento levou o Governo Federal a acionar todas as termelétricas fósseis disponíveis no País, mais caras, poluentes e que têm elevado a conta de luz dos brasileiros. Adicionalmente, o Brasil ficou mais dependente dos países vizinhos, pois passou a importar energia elétrica não apenas do Paraguai, mas também da Argentina e do Uruguai, pagando caro pela energia gerada fora do território nacional”, ele explica. 

Homem de óculos
Rodrigo Sauaia, da Absolar, acredita que a geração própria de energia solar em telhados pode ser uma importante ferramenta para reduzir a demanda por eletricidade no país

Segundo os dados da associação, em junho a energia solar atingiu a marca histórica de 6 gigawatts (GW) de potência instalada em telhados, fachadas e pequenos terrenos de residências, comércios, indústrias, produtores rurais e prédios públicos no Brasil, o que equivale a mais de um terço de toda a capacidade da usina hidrelétrica de Itaipu. O País possui atualmente mais de 518 mil sistemas solares fotovoltaicos conectados à rede, trazendo economia e sustentabilidade ambiental para mais de 652 mil unidades consumidoras. 

São mais de R$30,6 bilhões em investimentos acumulados desde 2012, que geraram mais 180 mil empregos acumulados no período, espalhados ao redor de todas as regiões do Brasil. “Como a energia é gerada junto ou próximo ao local de consumo, ela não usa as linhas de transmissão e ajuda a desafogá-las, além de reduzir as perdas elétricas e de economizar água dos reservatórios das hidrelétricas. Também fornece eletricidade sem emissões de poluentes, nem de gases de efeito estufa”. 

 

Desafios e novidades para o setor

Ao mesmo tempo em que há avanços no segmento de fontes alternativas de energia no país, os desafios são enormes. De acordo com Maurício Salla, executivo da Indústria de Energia da Crowe Macro – a oitava maior rede global nas áreas de auditoria e consultoria -, o Brasil sempre foi referência em geração de energia a partir de renováveis e a participação dessas fontes tem crescido de forma exponencial. 

“Por outro lado, o aumento da dependência de renováveis para geração de energia elétrica cria problemas para o grid nacional justamente por causa da intermitência que caracteriza tais fontes, e essa talvez seja a grande vulnerabilidade do sistema elétrico brasileiro, como a recente crise hídrica revelou. Os renováveis ainda não conseguem substituir plenamente as fontes despacháveis, ou seja, aquelas que podem ser acionadas rapidamente para atender a demanda num dado momento. Países em estado mais avançado de desenvolvimento e que também utilizam fontes renováveis, utilizam o gás natural como fonte de transição, e entendo que este seja o caminho que o Brasil deve adotar”, explica Salla. 

homem sorrindo com braços cruzados
Segundo o especialista Maurício Salla, as hidrelétricas ainda são a principal fonte de geração de energia e representam 63,4% da capacidade instalada

Ele acrescenta que não só a economia gerada na conta de luz, mas os incentivos tributários também tornam as fontes alternativas, como a energia solar, mais atrativas: “Essa demanda se justifica por duas razões, uma de ordem econômica e outra de ordem tributária. É natural que empresas e consumidores desejem que seu suprimento de energia seja constante e que apresente um custo razoável, portanto a possibilidade de gerar a própria energia elétrica tem benefícios econômicos claros, como contas menores e maior previsibilidade no fornecimento. Do ponto de vista tributário, os subsídios para esse setor são muito atraentes tanto para consumidores e empresas quanto para empresas de geração distribuída. Esse movimento cria alguns atritos com o mercado cativo de distribuição de energia elétrica e deverá ser muito discutido ao longo dos próximos anos”, frisa o especialista. 

Sobre a situação atual do país, ele destaca que as hidrelétricas ainda são a principal fonte de geração de energia e representam 63,4% da capacidade instalada. No entanto, as energias solar, eólica e de biomassa já são largamente utilizadas no Brasil, com respectivamente 2,6%, 11,2% e 8,2% da capacidade total do grid. 

“Novidades no setor, como a energia maremotriz (força das marés) e geotermal (obtida do calor do interior da Terra) também são grandes apostas. Há, ainda, muitas pesquisas com células de hidrogênio, uma fonte potencialmente limpa e abundante com diversos tipos de aplicação. É importante também ficar de olho na tecnologia de armazenagem. Como o grande desafio das energias renováveis é sua intermitência, o desenvolvimento de baterias é muito relevante. Este setor deve apresentar uma evolução muito grande nos próximos anos”, conclui.

 

Economia e sustentabilidade para o condomínio

Um sistema de energia solar é um investimento que pode gerar uma economia de até 95% na conta de luz de um condomínio. A afirmação é de Artur Cantador Bernardo, diretor comercial da Dinâmica Energia Solar, empresa do ramo sediada na cidade de São Carlos (SP) que já instalou mais de 110 mil sistemas pelo país. 

Ele explica que o custo para a implantação varia de acordo com as necessidades de cada condomínio: “Cada condomínio tem o seu consumo e necessita de uma quantidade de energia. A grande sacada está nos financiamentos, onde as parcelas pagas mensalmente para quitar o investimento são idênticas à economia na conta de energia. Por exemplo, um condomínio que gasta R$3 mil na conta de energia, após o investimento financiado, passará a pagar parcelas do mesmo valor, trocando um passivo por um ativo do condomínio. O retorno vem em três ou quatro anos para um sistema de vida útil de 30 anos”, destaca. 

Ele explica que existem dois sistemas de captação de energia solar. “O sistema de aquecimento solar é um sistema mais antigo no mercado, onde a instalação seria para aquecer a água de chuveiros ou piscina, obtendo uma pequena economia na conta de energia. Já o sistema de energia solar fotovoltaico é composto pelos painéis fotovoltaicos, instalados em telhado ou no solo. Com eles, conseguimos utilizar a energia em nossos equipamentos domésticos e áreas comuns. Ele opera junto à rede da concessionária de energia, onde compensamos o que consumimos, assim obtendo até 95% de economia na conta de energia”, comenta. 

 

Tema impacta projetos na construção civil 

A preocupação com fontes alternativas de energia é algo que está cada vez mais no radar de grandes construtoras, já que garante um grande diferencial do empreendimento aos olhos do cliente. Para Talitha de Abreu Ribeiro, gerente de Incorporação da Carvalho Hosken – empresa responsável por bairros planejados e edifícios -, as pessoas estão cada vez mais conscientes do seu próprio impacto e as suas escolhas de consumo: 

“Morar em um empreendimento que se preocupou com a pegada de carbono desde a sua construção e reduziu ao máximo o seu impacto ambiental, não tem preço. A busca por fontes alternativas de energia é parte imprescindível dessa preocupação. Considerando a matriz energética brasileira e todas as crises energéticas que vivemos nos últimos anos, precisamos pensar nossas escolhas para um imóvel residencial que seja um investimento que traduza qualidade de vida, atrativos do condomínio e do apartamento, sem esquecer de avaliar os custos mensais do imóvel. Ou seja, a economia no próprio bolso”, afirma. 

 

Por: Gabriel Menezes

 

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