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A criança e o direito à cidade

Por Cidades e Serviços
Última atualização: 18/04/2022

criança
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Antigamente as crianças tinham ruas calmas, mais áreas verdes e calçadas seguras para brincar. Nas últimas décadas, elas têm crescido em apartamentos e lugares exíguos, com liberdade reduzida e praticamente sem acesso aos espaços públicos, que se tornaram inóspitos e inseguros. Pouco caminham e pedalam, o que tornou o sedentarismo e a obesidade questões de saúde pública em vários países, inclusive no Brasil.

Para mudar esse cenário melancólico, a arquiteta australiana Natalia Krysiak criou, em 2017, o projeto Cities for Play, cujo propósito é inspirar urbanistas, arquitetos e gestores urbanos a construírem cidades estimulantes, respeitosas e acessíveis às crianças. “Sempre me interessei pela relação das cidades com as pessoas. Quando criança, tive a oportunidade de conhecer muitos bairros e morar em casas diferentes, e toda essa diversidade de vivências abriu meus horizontes e fortaleceu habilidades como independência, cidadania e empatia. Acredito que o ambiente urbano pode ter um efeito profundo na saúde mental e física dos mais jovens”, diz Natalia.

O Cities for Play trabalha com os setores público, privado e civil para criar comunidades amigáveis da população infantil. Fazem isso por meio de pesquisa, defesa, engajamento da comunidade e design em várias escalas. Eles acreditam que as necessidades dos pequenos devem estar no centro do design urbano, o que tornará, por sua vez, a cidade muito mais inclusiva e inteligente.

Faz sentido, já que uma cidade boa para crianças é também empática e segura para outras parcelas da população, inclusive idosos e deficientes.

Na Europa, entre os países conhecidos por suas cidades amigáveis destacam-se a Holanda, a Dinamarca, a Suécia, a Alemanha e o Reino Unido. Em Londres, crianças de uma comunidade participam de workshops para planejar a cidade que desejam. A ideia é dar voz e poder de ação para eles. Lá, medidas exigem que novos edifícios residenciais forneçam ao menos 10 metros quadrados de área verde por criança moradora. Já em Cambridge, um conjunto de 42 casas projetadas pelo escritório Mole Architects foca na interação da comunidade e uma rua sem carros foi implementada para incentivar brincadeiras ao ar livre e convívio no jardim e na horta comunitária. Na Alemanha, em Alpen, uma simples intervenção em uma praça trouxe diversão para as crianças se refrescarem no verão.

O Cities for Play é um ótimo projeto e pode inspirar também cidades brasileiras, o que irá fornecer um legado saudável e sustentável para as novas gerações. Por aqui, temos movimentos e grupos que trabalham com foco na infância saudável, o que inclui cidades sustentáveis e com estímulo à mobilidade ativa.

Um dos grupos que se destacam é o Carona a Pé, fundado pela professora Carolina Padilha em 2015. O Carona a Pé organiza percursos de ida e volta da escola para casa a pé, construindo uma nova relação das crianças com a cidade em que vivem. “Quando as crianças caminham e ocupam os espaços públicos suas necessidades se tornam evidentes e isso faz com que os adultos repensem esse espaço. Afinal, uma cidade que é boa para as crianças também é boa para todos”, afirma Carol.

Carol acaba de lançar, junto ao Instituto Alana e o Programa Criança e Natureza, o guia “Caminhando juntos até a escola: o que a cidade e as crianças ganham com isso”, um material voltado para famílias, escolas e educadores e para todos que têm vontade de transformar a cidade em que vivem em um lugar caminhável e amigável. O guia pode ser baixado pelo site https://caronaape.com.br/

Confira aqui algumas dicas para iniciar um grupo de caminhada até a escola:

  • Inicialmente converse com a direção da escola e com os responsáveis sobre o desejo de começar.
  • Faça um encontro com a comunidade para divulgar a ideia e despertar o interesse de alunos e voluntários.
  • Levante informações: como as crianças chegam à escola, quais estudantes moram próximos uns dos outros? Faça um mapeamento de possíveis caminhos. Nem sempre o mais curto é o mais seguro ou o mais agradável.
  • A qualidade das calçadas, a existência de faixas de pedestres e ruas calmas e arborizadas são critérios para a escolha do trajeto. Faça o percurso antes para avaliar quanto tempo demora o trajeto até a escola.
  • Combine dias e horários e comece a fazer o trajeto com o grupo, é essencial que as caminhadas aconteçam com frequência e no horário combinado.
  • Com os grupos formados, assegure-se de que todos os adultos tenham os contatos uns dos outros, para uma comunicação ágil e respeitosa.
  • Mantenha a comunidade escolar informada sobre como as caminhadas estão acontecendo, pois isso estimula a participação de novos estudantes e familiares. A escola pode ter um mural ou espaço para essa divulgação.
  • Depois de definidos os condutores, o grupo pode decidir a quantidade de crianças por cada adulto, dependendo da faixa etária, comportamento do grupo e percurso.
  • Identifique os comércios que estão nos trajetos e conte o objetivo dessas caminhadas para os comerciantes. Isso torna o percurso ainda mais agradável e seguro.

 

Fonte: São Paulo São

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