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Arte e grafite na batalha contra a pichação

Por Cidades e Serviços
Última atualização: 17/03/2016
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Vanessa Sol

Não há nada mais desagradável do que acordar e perceber que os muros ou a fachada de seu condomínio foram alvos de pichações. Estes atos de vandalismo, além de interferirem na estética do local, acabam desvalorizando o patrimônio dos condôminos e causando prejuízos financeiros ao condomínio, que terá que arcar com os custos da recuperação dos locais atingidos, providenciando uma nova pintura.

Uma forma alegre e descontraída que tem sido cada vez mais usada para inibir a ação de pichadores ou de recuperar uma área é o uso do grafite. Atualmente, ele é visto como uma forma de expressão artística que agrada a muitos em função do seu apelo estético, que é bem diferente do senso estético da pichação. Por ser considerado uma forma contemporânea de arte, o grafite também é chamado de arte urbana.

Hoje em dia, muros inteiramente grafitados podem ser vistos em diversos bairros do Rio de Janeiro. O grafite espalhado pela cidade do Rio de Janeiro encontra amparo legal em um decreto municipal que autoriza esta arte em postes, tapumes de obras e nas empenas cegas, que são as paredes laterais de edificações sem janelas ou quaisquer outros tipos de aberturas.

Com isso, muitas empresas aderiram à moda e estão investindo no grafite para trazer um pouco mais de cor e beleza para suas paredes monocromáticas, que pintadas se tornam verdadeiros painéis, ou melhor, Murais Contemporâneos, como são chamados atualmente.

No entanto, a beleza do grafite não fica restrita aos muros vazios ou às empenas cegas de empresas. Ele também pode ser usado em muros residenciais e, ainda, por condomínios, ornamentando ainda mais paisagem da cidade maravilhosa. Basta o síndico levar a ideia para assembleia e debatê-la com os condôminos e partir para a cotação e contratação do serviço.

O grafiteiro Fernando Sawaya, mais conhecido como Cazé, que atua no universo do grafite há mais de 10 anos expandindo sua arte pelos muros da cidade, explica que o grafite nasceu com uma arte marginal, mas que, hoje, encontrou mais espaço na cena urbana e deixa um legado artístico e cultural importante para a cidade. “Há grandes telas (espaços e muros vazios) na cidade que podem ser bem aproveitadas para o Muralismo Contemporâneo. Eles são galerias de arte a céu aberto e valorizam a região e seu entorno. O grafite é um importante legado artístico e cultural. Com isso, ao invés de você ir ao um museu fechado, você pode fazer um passeio pela cidade e encontrar uma riqueza visual incrível proporcionada pelo grafite”, destaca.

Para Cazé, a sociedade precisa, no entanto, se abrir ainda mais a esta expressão artística. De acordo com o grafiteiro e artista, os muros dos condomínios têm um potencial muito contundente a isso. “Para o grafite ganhar mais força, a população precisa entender melhor que ele é uma forma de expressão, e os muros dos condomínios podem ser uma ponte de diálogo entre o grafite e sociedade, pois eles são potenciais telas para os profissionais do grafite trabalharem sua arte”, afirma Cazé, confirmando também o “respeito” moral que os pichadores tem pelo trabalho dos grafiteiros, o que já evitaria novo ataque após um muro devidamente grafitado.

Prevenção e controle à pichação

Mas o que fazer além disso para prevenir que seu condomínio não seja pichado? Muitas medidas preventivas ou corretivas podem ser adotadas para evitar os ataques dos pichadores. Hoje em dia, é possível fazer o uso de ferramentas de controle e proteção, como as câmeras de segurança, que fazem o monitoramento 24 horas por dia e, se posicionadas em lugares estratégicos, auxiliam o condomínio a registrar as ocorrências. Os síndicos também podem lançar mão de concertinas (cercas em forma de espiral com lâminas cortantes) e cercas eletrificadas na proteção dos condomínios.

Todos estes itens de segurança apresentam boa relação de custo/ benefício. O condomínio deve analisar, após cotação dos serviços, qual deles cabe em seu orçamento. Porém, na hora de avaliar o orçamento disponível, é preciso levar em conta os gastos que o condomínio terá se tiver que limpar eventuais pichações ou pintar novamente as paredes. Dependendo da situação, pode ficar mais barato fazer a prevenção. Mas é bom lembrar que ações como essas protegem apenas a parte interna do condomínio, deixando os muros externos expostos e suscetíveis.

Manutenção corretiva

Quando o problema já aconteceu e o condomínio, infelizmente, foi pichado, a recomendação do engenheiro responsável da empresa Cenário Engenharia e Arquitetura, Nicolau Spyrides, é agir imediatamente, providenciando a manutenção das áreas afetadas, a fim de evitar que novas pichações sejam feitas no local. “Uma pichação promove a outra. O pichador se sente homenageado quando vê o produto de sua atividade sendo exibido por meses a fio. Isso o estimula a fazer de novo e a desafiar conhecidos a fazerem outras pichações”, afirma o engenheiro.

Outro ponto destacado por Spyrides é a questão da remoção da tinta da pichação. Quanto menor o tempo, mais fácil será para removê-la. E os benefícios da rápida eliminação da pichação vão além de questões estéticas e econômicas, ela demonstra a liderança do síndico na solução de problemas. “É mais fácil remover uma tinta colocada ontem do que uma tinta aplicada há meses. Por isso, logo que a pichação aparecer, remova, cubra ou desfigure a imagem imediatamente. Se possível no mesmo dia. Isso traz grande economia de recursos, pois esperar somente irá aumentar a despesa e contribuir negativamente para o ambiente do condomínio. Além disso, condomínio pichado é condomínio sem liderança positiva”, enfatiza o engenheiro.

O histórico de atuação da empresa aponta, ainda, um dado revelador, conforme afirma Spyrides: “Uma em cada quatro recuperações executadas há incidência de pichação anterior”. O engenheiro relembra um caso de sucesso em um condomínio com fachada completamente atingida por pichações, que após ser recuperada, não sofreu mais ataques de pichadores. “Houve um caso especial, de um edifício na Barra da Tijuca, junto à Praça Euvaldo Lodi, cujas fachadas eram integralmente pichadas. O fato curioso é que após a execução da pintura do prédio os pichadores não mais incomodaram”, recorda Spyrides.

Outro problema comum de acontecer é quando o próprio condômino é o autor das pichações. Em geral, esses casos acontecem na área interna de condomínio com muitas unidades, como explica Nicolau Spyrides. “Edifícios com mais de cem unidades são um prato feito para esse tipo de conduta, pois existe uma probabilidade maior de haver condôminos que adotam esse tipo de comportamento”, ressalta o engenheiro.

Métodos de limpeza

Spyrides alerta que a pintura de uma superfície pichada demanda um tratamento mais trabalhoso para cobrir os vestígios da pichação. Para isso, é importante usar produtos selantes durante o processo. “É necessário isolar a tinta antiga da tinta nova, através de um produto próprio para servir de fundo para a nova pintura, por exemplo, as ‘seladoras’ ou tintas a base de solvente”, explica.

Ainda, de acordo com o engenheiro, a indústria química possui uma ampla gama de produtos, com várias abordagens e com distintas promessas ao consumidor. Porém, são produtos que não impedem propriamente a pichação, mas que conferem extrema facilidade para se remover a tinta indesejada, e possuem uma boa relação custo/benefício.

Para a limpeza de pichações em revestimentos de cerâmica e pastilhas, existem serviços específicos para a limpeza e remoção de resíduos e que conseguem bons resultados de acordo com o tipo de superfície afetada. Nesses casos, os resíduos da pichação podem ser removidos com produtos químicos e lavagem a jato com alta pressão para posteriormente ser feito o rejuntamento e aplicação de produtos preventivos, como resinas, ceras, dentre outros.

 

Medidas preventivas para proteger o condomínio

Concertinas: cercas em forma de espiral com lâminas cortantes. Há vários tipos diferentes, no mercado, como a concertina simples, a dupla, a flat e a eletrificada. Elas impedem a entrada de invasores nas dependências do condomínio.

Cercas eletrificadas: Apresentam voltagem de até 8.000 volts. Elas impedem a invasão pelos muros de pessoas estranhas ao condomínio, uma vez que o contato com a barreira eletrificada causa leves choques. No entanto, o invasor não ficará “grudado” na cerca. Isso ocorre porque os pulsos de alta tensão são emitidos, aproximadamente, a cada 1 segundo, em uma amperagem muita baixa. Desta forma, quem tocar na cerca levará o choque e será impulsionado para longe da mesma. Caso um dos fios da cerca eletrificada seja rompido, um alarme soará indicando que algo errado está acontecendo. Em geral, isso ocorre por causa do escape de energia que ocorre com o rompimento da cerca.

Câmeras de segurança: Fazem monitoramento 24 horas das imediações do condomínio, registrando as ocorrências.

 

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