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O Jardim Oceânico em foco

Por Cidades e Serviços
Última atualização: 29/03/2017
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jardim oceanico
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Gabriel Menezes

Há quatro meses, o designer Iann Tomé ganhou cerca de duas horas livres no seu dia para fazer o quiser, seja passar mais tempo com a família, estudar e até trabalhar mais quando é preciso. Esse ganho ocorreu porque ele se mudou do Recreio para o Jardim Oceânico – onde já morava há dois anos – e, desde então, passou a ir para o Centro, onde estuda, de metrô. “Agora, levo em média uma hora para ir da Barra até o Centro. Antes, a viagem demorava até três horas. Era uma rotina cansativa e não sobrava tempo para nada”, conta.

A mesma linha 4 do metrô que hoje torna a vida do designer mais fácil foi o que fez ele ter que se mudar do Jardim Oceânico há dois anos. Quando o projeto foi anunciado, o mercado imobiliário na região foi amplamente valorizado, o que fez com que os preços dos alugueis subissem acima da média. Hoje, com a crise econômica que já atinge o setor, os valores estão competitivos e a região se tornou novamente atrativa para quem busca qualidade de vida e preços acessíveis. “Hoje, os preços dos aluguéis no Jardim Oceânico já estão quase na mesma média do que no Recreio. Se tornou vantajoso voltar, já que eu trabalho na Barra e estudo no Centro da cidade”, destaca Tomé.

Os dados do Sindicato da Habitação do Rio de Janeiro (Secovi) conferem essa movimentação do mercado na região. Entre 2012 e 2014, a variação foi ascendente em grande parte das áreas atendidas pelo projeto da Linha 4. Fatores como o período de relativa tranquilidade econômica, com ampla oferta de crédito imobiliário, juros bancários não tão altos, aumento da renda média da população, sem falar nas melhorias de infraestrutura iniciadas por conta da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016 ajudaram nessa valorização. No entanto, a partir de 2014, algumas dessas regiões – incluindo o Jardim Oceânico – sentiram o peso da crise econômica, o que acarretou na queda do preço do metro quadrado. As exceções foram o entorno das estações Nossa S. da Paz (Ipanema) e Antero de Quental (Leblon), o que, de acordo com as estatísticas do Secovi, já era esperado, já que os dois bairros são locais onde, historicamente, os preços dos imóveis se mantêm dentro de uma certa estabilidade.

De acordo com Leonardo Schneider, vice-presidente do Secovi-Rio e diretor da APSA, a tendência é que, com a diminuição da crise, o mercado imobiliário do Jardim Oceânico volte a valorizar. “O transporte é um elemento fundamental na valorização ou desvalorização de uma região. A linha 4 melhorou muito as condições do Jardim Oceânico, até mesmo nas ruas, já que muita gente passou a deixar o carro em casa e usar o metrô”, afirma.

Ele afirma que a procura por imóveis na região deve crescer já, inclusive, antes mesmo da solução da crise: “Estamos percebendo que, com o agravamento da crise, há um movimento de migração de pessoas de regiões com aluguéis mais caros para outras com valores mais em conta. Neste sentido, o Jardim Oceânico é, atualmente, um local atrativo”, destaca.

Demanda ainda é menor do que a oferta

Apesar de ainda não ter registrado nenhuma valorização, o mercado imobiliário tem boas expectativas para a região do Jardim Oceânico. Segundo o gerente geral de locações da APSA, Giovani Oliveira, a chegada do metrô na região é bem recente, por isso, ainda não pode ser sentida alterações consideráveis. “Na realidade não foi registrada valorização, e entendemos que isso ainda vai demorar um pouco para ocorrer. O volume de unidades residenciais e comerciais disponíveis para locação e para venda ainda é muito maior do que a demanda. Isso é fruto de um volume de lançamentos em anos anteriores bem superior à capacidade de absorção pelo mercado, o que foi ainda mais agravado pela crise econômica vivida pelo país e pelo estado nos últimos dois anos”, explica.

No entanto, segundo ele, o mercado tem a expectativa de um aquecimento de procura, inclusive com o retorno de moradores que desistiram de morar nesta região em função de problemas de mobilidade. “Entretanto, isto ainda não ocorreu. Em locação podemos até perceber alguma intenção, mas ainda é muito tímida. É possível que, como os valores estão baixos se comparados aos da Zona Sul, uma vez superada a questão da mobilidade urbana, esta migração possa ocorrer um pouco mais adiante”, conclui.

Com melhora no acesso, associação de moradores busca reforço da segurança

O presidente da Associação de Moradores do Jardim Oceânico, Luiz Igrejas, diz que a população da região já sente uma melhora na qualidade de vida com a inauguração da linha 4 do metrô, inclusive com uma melhora considerável no tráfego de veículos: “Outro dia, no meio da semana, fiz de carro do Jardim Oceânico até a Zona Sul em 20 minutos. Antes do metrô isso era impensável”.

Ele acrescenta que a preocupação agora é com o reforço da segurança local, já que com o acesso facilitado, a área se torna também mais exposta. “Tenho me reunido com representantes da Polícia Militar e a ideia é reforçar o patrulhamento principalmente no entorno da estação”, destaca.

Síndica do Condomínio Santa Comba Dão, a comerciante Manuela Pais sentiu na pele a melhora da qualidade de vida dos moradores da região. Ela trabalha em Ipanema e, agora, quando não vai de metrô, também chega muito mais rápido, já que o tráfego de veículos reduziu bastante. “Foi uma melhora e tanto. O único ponto ruim é que está muito difícil encontrar uma vaga para estacionar na Avenida Alda Garrido, onde fica o nosso condomínio. Isso porque as pessoas que moram longe param o carro na via para pegar o metrô”, destaca, ressaltando que o condomínio possui cinco unidades, sendo quatro próprias e uma alugada há bastante tempo, motivo pelo qual não sentiu os impactos da desvalorização do mercado imobiliário.

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