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Entrevista: secretário Carlos Osório

Por Cidades e Serviços
Última atualização: 23/03/2014

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André Luiz Barros

Em meio a tantas obras, desvios e interdições no trânsito do Rio de Janeiro, não há muito por onde escapar, trafegar pela cidade se tornou uma prova de paciência e atenção. No balanço do ônibus ou no “freia e acelera” no comando do carro, se deslocar é um dos atuais grandes desafios dos cariocas.

A revista SÍNDICO conversou com o secretário municipal de transportes do Rio de Janeiro, Carlos Osório, que traçou um panorama do atual momento viário da cidade e adiantou algumas novidades sobre o planejamento de tráfego para a Copa do Mundo. Segundo ele o semestre está sendo difícil, mas o trânsito vai melhorar até lá.

 

SÍNDICO: O que esperar do trânsito do Rio de Janeiro até a Copa do Mundo? Ainda muito complicado?

Osório: Este semestre está sendo difícil porque temos muitas e grandes obras em andamento. Entretanto, antes mesmo da Copa do Mundo, o BRT Transcarioca, que vai ligar a Barra da Tijuca ao Aeroporto Internacional, será entregue aos nossos cidadãos. Teremos um impacto bastante positivo em toda a região cortada pela via, que incluiu Jacarepaguá, Madureira, Vicente de Carvalho, Penha, Olaria e Ramos. Deve-se levar em conta também a conclusão da ligação do BRT Transoeste, de Santa cruz até Campo Grande. Além disso, os corredores seletivos para ônibus BRS serão expandidos. Na Zona Sul, vamos inaugurar o trecho Botafogo-Humaitá, nos dois sentidos e vamos expandir as faixas para Flamengo, Laranjeiras, Catete e Glória. Na Zona Norte, vamos levar o sistema Vila Isabel e para a Avenida Dom Hélder Câmara.
SÍNDICO: Podemos acreditar que até o final do ano o trânsito já estará melhor na cidade?

Osório: Com a entrega das obras dos BRTs, o carioca irá sentir gradativamente a melhoria na circulação viária. Com a implantação completa do sistema, em 2016, será possível reduzir em cerca de um terço a frota de ônibus da cidade, tirando das ruas aproximadamente três mil coletivos das nossas vias. Além disso, teremos significativas reduções no tempo de deslocamento, oferecendo melhor serviço e qualidade de vida aos cidadãos de todas as regiões da cidade. A Transoeste já é um exemplo disso, garantindo melhor ordenamento viário e deslocamento em menos da metade do tempo em comparação aos serviços de ônibus regulares utilizados antes da construção da Transoeste.
SÍNDICO: O Rio de Janeiro passa por um momento em que o carioca enfrenta engarrafamentos diários, até em horários incomuns como na Av. Brasil ou Estrada do Catonho, em um sábado à tarde. O que tem sido feito para que os impactos das obras e consequentes interdições e desvios espalhados por toda a cidade, sejam mitigados?

Osório: As equipes de engenharia de trânsito da prefeitura tem trabalhado diariamente nas ruas para garantir que os trechos em obras estejam sinalizados, os motoristas informados e os agentes de trânsito estejam posicionados estrategicamente. Os transtornos são inevitáveis, mas nosso trabalho é permitir o avanço das obras, minimizando ao máximo possível os impactos aos cariocas. E também contando com o apoio do carioca, que pode aderir à carona solidária e dar preferência ao transporte público.
SÍNDICO: A partir de quando os BRTs e a revitalização da Região Portuária do Rio começarão a apresentar resultados diretos no trânsito da cidade?

Osório: Com a conclusão das obras dos túneis que compõem o novo sistema viário da Região, que conta com túneis, vias expressas e o Veículo Leve Sobre Trilhos. As entregas serão feitas gradativamente, conforme as obras sejam finalizadas, e tudo estará pronto em 2016.

 

SÍNDICO: Para diminuir o número de carros circulando durante grandes eventos no Rio, o governo e a prefeitura sempre pedem que o cidadão priorize o transporte público. Os metrôs, trens e barcas funcionarão 24h durante a Copa do Mundo?

Osório: A Copa do Mundo será um grande desafio. Teremos sete jogos e toda a imprensa mundial estará ancorada em nossa cidade. Tivemos grandes eventos como a Jornada Mundial da Juventude, realizados com sucesso e, além disso, recebemos a melhor avaliação da Fifa na Copa das Confederações. A Prefeitura do Rio está bem preparada para receber o evento e todos os modais de transporte estarão em esquema especial para atender cariocas e turistas da melhor forma possível.

 

SÍNDICO: A Prefeitura já tem algum plano de contingência para que o aumento de veículos no entorno do Maracanã durante a Copa do Mundo, não atrapalhe a circulação de carros dos moradores que moram nos condomínios próximos ao estádio?

Osório: A Copa do Mundo terá um planejamento de mobilidade, assim como fizemos em outros grandes eventos, e os moradores receberão atenção redobrada, de forma que os impactos sejam minimizados.

 

SÍNDICO: O carioca tem apostado cada vez mais nos aplicativos para táxis como alternativa para conseguir o serviço mais rapidamente. Os táxis que circulam hoje no Rio de Janeiro são suficientes para suprir a demanda da cidade?

Osório: Atualmente existem 32 mil táxis na cidade do Rio de Janeiro, ou seja, um táxi para 196 habitantes. Em São Paulo, este número sobe de um para 291 moradores. E em Nova York, nos Estados Unidos, um táxi para cada 708 habitantes. O que faltava era ordenamento no sistema. Por isso, atualizamos o Código Disciplinar dos taxistas, que datava de 1970. O objetivo da prefeitura é melhorar o atendimento, garantindo mais conforto e segurança aos usuários, além de permitir controle e fiscalização mais eficientes na prestação do serviço. Entre as principais mudanças destacam-se a modernização dos veículos, maior qualificação dos taxistas, determinação de carga horária de trabalho, implantação de sistema GPS e atualização dos valores das multas, entre outras.

 

SÍNDICO: Temos uma frota de ônibus bastante velha. Há planos de troca desses veículos por novos Até a Copa do Mundo?

Osório: Hoje a frota de ônibus urbanos no Rio tem entre quatro e cinco anos. O máximo permitido são oito anos. Além disso, os veículos têm que estar em dia com sua vistoria anual. Para realizar a vistoria é preciso estar com as multas quitadas, tacógrafo e vistoria do Detran em dia e com todos os itens de vistoria do coletivo em funcionamento. A SMTR também realiza regularmente fiscalização em toda a cidade com o objetivo de vistoriar o estado de conservação dos coletivos e a documentação. De janeiro a dezembro de 2013, 2.850 coletivos foram fiscalizados nas ruas, sendo 468 lacrados e 148 rebocados. O trabalho de fiscalização é permanente e realizado em diferentes pontos da cidade. O carioca que quiser colaborar pode denunciar eventuais irregularidades por meio da Central de Atendimento ao Cidadão 1746, informando local do ocorrido, data, hora e números da linha e do ônibus (impresso na lateral do coletivo).

 

SÍNDICO: Quais as últimas novidades sobre mobilidade urbana na cidade? O VLT vai mesmo sair do papel?

Osório: O Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), que circulará no Centro e na Região Portuária, ligará toda a área por seis linhas e 46 pontos em 28 Km de vias. O VLT fortalece o conceito de transporte público integrado e as suas estações vão se conectar com metrô, trens, barcas, teleférico, BRTs, redes de ônibus convencionais e aeroporto. Entre as linhas estão Cinelândia, Praça Mauá, Aeroporto Santos Dumont, Central do Brasil e Barcas. A integração com outros meios de transportes vai melhorar o trânsito da região central da cidade, em planejamento voltado à redução da circulação de ônibus. As ruas da Região Portuária já começaram a ser preparadas para receber o novo tipo de transporte. No Brasil, não há nada parecido com o futuro VLT do Rio. Mesmo no mundo, o modelo é inédito. Os trens não têm fios superiores em rede aérea e são alimentados por duas fontes de energia. A previsão é de que as seis linhas estejam em operação até 2016.

 

SÍNDICO: Quais as suas expectativas sobre o impacto do aumento de pessoas durante a Copa do Mundo e Olimpíadas na circulação viária da cidade?

Osório: A cidade do Rio já deu provas de que está preparada para receber grandes eventos. Tivemos ótimos resultados na Copa das Confederações e também durante a a Jornada Mundial da Juventude, que reuniu, de uma só vez, três milhões de pessoas durante a missa do Papa Francisco na praia de Copacabana. Copa e Jogos Olímpicos não terão esse público em uma cidade única. Estou confiante que de o Rio fará belos espetáculos esportivos.

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