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Que tal um espaço pet no seu condomínio?

Por Cidades e Serviços
Última atualização: 13/10/2020

Monike (3)
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Mario Camelo

Mais de 50 milhões de cães, cerca de 22 milhões de gatos, além de 38 milhões de aves de estimação. Esses são os impressionantes números divulgados no último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2013, que ajudam a entender o sucesso de um dos negócios que mais crescem no Brasil: o mercado pet. Há muito tempo, os fofinhos animais deixaram de ser coadjuvantes e são considerados verdadeiros membros da família. Seus dedicados donos não medem esforços para oferecer o melhor aos seus filhotes quando se trata de qualidade de vida, bem-estar, conforto e tratamentos direcionados.

Todo esse cuidado tem impulsionado o mercado pet no Brasil e o crescimento acaba refletindo, direta ou indiretamente, em diversos outros setores. Segundo dados da ABINPET (Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação), só em 2017, o mercado dos bichanos cresceu 4,95%, consolidando o Brasil como o terceiro maior em faturamento no mundo, movimentando cerca de 20 bilhões ao ano, o que representa 0,38% do PIB.

O cuidado com os pets, obviamente, também chegou ao mercado imobiliário, afinal eles também precisam de carinho e espaços exclusivos em casa e, agora, também nas áreas comuns dos condomínios. Conhecidos como “espaços pet”, tornou-se prática comum entre os novos condomínios (e também nos antigos que se animam a adaptar seus espaços) a criação de espaços totalmente dedicados aos animais, com brinquedos, túneis, casinhas e muita diversão para “pais e filhos”, digamos.

Grandes construtoras embarcaram nesse filão, especialmente as que erguem os chamados condomínios-clube, que além de contar com diversos serviços, contam ainda com espaços pet e alguns deles até com pet shops, passeadores de cães, e serviços de banho e tosa, para trazer mais comodidade aos moradores. Alain Deveza, gerente de Desenvolvimento de Produto da Living e Vivaz, conta que estes ambientes viraram verdadeira tendência. Somente da construtora, os empreendimentos Verdant, Summer, Vidamérica, Carioca e o Bosque do Rio Parque possuem espaços pet com local reservado para os donos passearem e brincarem com seus cachorros e/ou locais para limpeza e tosa dos mesmos (nos empreendimentos Carioca e Vidamérica).

Para ele, cada vez mais, os compradores encaram os ambientes de forma muito positiva e isso pode tornar-se um verdadeiro diferencial na hora de optar pela compra de um imóvel. “Além de ter um espaço específico no condomínio para os animais, quem tem pets se preocupa em ter um local confortável para brincar e passear com seus animais. Nós dimensionamos e localizamos os espaços adequadamente, além de equipar estes lugares, de forma a trazer conforto para o usuário e para seu bichinho de estimação”, conta ele, que acredita que essa seja uma tendência crescente entre os próximos lançamentos. “Cada vez mais as pessoas adotam pets como companhia e as construtoras acompanham esse comportamento”.

Além do fato de ser uma tendência de mercado, os bichinhos também ganharam uma vitória judicial recentemente. No último 14 de maio, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) decidiu que condomínios não podem proibir nenhum morador de criar um animal de estimação na sua unidade, algo que, por muitos anos, gerou proibições, críticas e confusões em condomínios novos e antigos. A decisão vale desde que o animal não coloque em risco a segurança e tranquilidade dos demais moradores.

A corte julgou o caso de uma moradora de um condomínio em Samambaia, cidade satélite de Brasília, que possui uma gata de estimação. A contragosto do síndico e dos moradores do condomínio, no qual eram proibidos animais de estimação, a condômina entrou na Justiça em 2016 para manter a gata no apartamento. O caso foi negado em primeiro e segundo grau. O relator, o ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, considerou a restrição ilegítima por falta de prova concreta de que o animal provocaria prejuízos à segurança, higiene, saúde e sossego dos demais moradores.

A defesa da dona da gata alegou, segundo o jornal Folha de São Paulo, que “a norma condominial que proíbe qualquer tipo de animal dentro do apartamento consiste em excesso normativo que fere o direito de propriedade”. Tal decisão repercutiu em todo o país e gerou diversos debates sobre a proibição de animais em condomínios, um tema antigo no quesito “polêmica”.

Vale lembrar que, dentro de cada condomínio, mesmo os que possuem espaços pets, podem ter pessoas que não gostam ou que tenham medo de animais. Portanto, é importante colocar a coleira no bichinho enquanto ele estiver fora dos espaços exclusivos. Além disso, a limpeza das fezes do animal ainda é de total responsabilidade do dono, mesmo no espaço pet! Portanto, é preciso cuidar deste ambiente para que ele esteja sempre limpo.

 

O dia do animal pode ser uma alternativa ao espaço pet

Em Belo Horizonte, a coordenadora regional do programa Gestão Total, da APSA, Vanusa Vieira conta que, no ano passado, devido à grande quantidade de condomínios com animais domésticos na região, foi desenvolvida pela equipe regional uma ação na qual um veterinário parceiro foi convidado a visitar alguns condomínios para checar a saúde dos pets, fazer uma avaliação, checar a carteira de vacinação etc. Na época, um total de dez condomínios recebeu a ação em suas dependências, sendo um deles com espaço pet.

“Foi uma iniciativa da coordenação, que aplicamos em todos os condomínios viáveis. Para os moradores, foi muito interessante, porque a vida é muito corrida, então, se você tem a facilidade de ter um veterinário ali na sua casa dando dicas de cuidado, saúde e interagindo com os bichinhos, é maravilhoso. E para o veterinário é muito bom também”, conta, entusiasmada, Vanusa.

A coordenadora explica que, muitos condomínios antigos não possuem espaço físico para a criação de um ambiente específico dedicado aos pets, e que ações como essa auxiliam no bem-estar dos moradores que possuem bichanos.

Vanusa pretende repetir a visita em breve, porém, com alguns ajustes no formato. “Vamos incluir palestras e outras iniciativas interessantes na ideia, afinal, hoje, vemos cada vez mais um número crescente de animais em condomínios. As pessoas sempre têm um, ou dois, ou mais pets e oferecer ações para este público nos interessa. Não adianta proibir, tem que criar regras de convivência e esses eventos favorecem até mesmo a interação entre moradores e a aceitação dos bichinhos nos condomínios”, completa.

 

COMO CRIAR UM ESPAÇO PET NO SEU CONDOMÍNIO

Não precisa ser um condomínio com ampla área verde para ter um espaço pet. Se o seu condomínio possui um ambiente de área livre sem utilização, ele pode se transformar facilmente em um cantinho dedicado aos animais. A médica veterinária Monike Soares, da Clínica Veterinária Santa Luiza, na Tijuca, explica que, o ideal é projetar a criação do local com o auxílio de algum veterinário que vai dar dicas sobre os materiais corretos e a higiene do local. Mas se a grana estiver curta, a profissional deixa aqui algumas dicas que, se seguidas, podem ser úteis no desenvolvimento do espaço pet perfeito. Confira!

1) Antes de tudo, os cães que frequentam este local deveriam ter suas vacinas em dia assim como o controle de ectoparasitas (pulgas e/ou carrapatos) e endoparasitas (parasitos intestinais), além de ficarem contidos em suas coleiras para evitar acidentes quando forem introduzidos em um núcleo onde não são conhecidos entre seus iguais. É de bom tom o síndico peça aos moradores que queiram frequentar o espaço, que realizem uma consulta antes para se certificarem de que seus pets estão em perfeitas condições de saúde;

2) Com relação aos gatos, é um pouco preocupante o uso de área coletiva entre felinos por conta das características “territorialistas” deles, além do mais, o playground deveria ser completamente telado para evitar fugas. O ideal é que o espaço seja dedicado apenas aos cachorros, que convivem melhor entre si;

3) Pensando nas atrações do local, o espaço deve ter circuitos para a prática de exercícios do tipo “agility”, gramas sintéticas, espaço “pipi dog”, fontes de água potável, além de bolinhas e brinquedos. Se possível, saquinhos para que os donos recolham as fezes de seus cachorros;

4) Limpezas sempre são necessárias quando os cães fizerem suas necessidades nos locais de uso com produtos próprios para cães (amônia quaternária, solução de cloro/água sanitária). E o dono deve ser orientado pelo síndico a recolher as fezes do seu animal. Mais uma vez, saquinhos de plástico ou recipientes adequados fazem a diferença na limpeza e na organização do local;

5) Para que não tenham problemas de saúde, é importante que os cachorros façam visitas periódicas ao seu médico veterinário de confiança e mantenham as vacinas e medicações preventivas sempre que necessário;

6) Recomenda-se também a orientação de profissionais que trabalhem com comportamento animal e enriquecimento ambiental para o projeto da área pet. Outras ações de boa convivência como amigo oculto entre os pets, palestras e dicas de cuidados também são muito recomendadas e ainda podem auxiliar na convivência dos próprios moradores e não só dos pets.

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