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Telhados verdes

Por Cidades e Serviços
Última atualização: 11/07/2022

telhado verde
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Num tempo em que a sustentabilidade vem ganhando cada vez mais importância na sociedade, o telhado verde – cobertura vegetal em construções – é uma opção que valoriza o imóvel e melhora a qualidade de vida dos moradores. O item, inclusive, ajuda a edificação a conquistar pontuações de certificações sustentáveis, como o LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) e a AQUA (Alta Qualidade Ambiental).

A arquiteta Tery Kanakura, que desenvolve um trabalho voltado para bio construções, explica que, apesar de estar em alta, o equipamento não é uma novidade. “O telhado verde tem sido usado há muitos anos como alternativa de controle de temperatura, principalmente nos países mais quentes. De acordo com relatos históricos, a técnica já teria sido usada nos jardins suspensos da Babilônia. Na década de 1960, a preocupação com o meio ambiente ganhou força global e contribuiu com o desenvolvimento de alternativas ligadas ao telhado verde, mas foi na década de 1980 que alguns países passaram a sofisticar o método e dar incentivos para a sua utilização”.

A popularização do item, ela acrescenta, reduz o escoamento da água da chuva, diminuindo as chances de alagamentos nas cidades. “Cada edifício contribui para a formação da cidade, do país e do globo, assim como cada célula contribui para o tecido e o órgão em um corpo humano. Subestimar os benefícios de uma edificação no âmbito global é o mesmo que subestimar uma célula cancerígena no corpo”, compara Tery. 

Ela comenta que o modelo é mais econômico que o sistema tradicional e possui mais benefícios, desde que o projeto e a execução sejam realizados corretamente. “O telhado verde precisa de manutenção periódica relacionada à poda e cuidados com a vegetação e com o sistema de drenagem e escoamento de água. Em comparação com o modelo tradicional, a manutenção é mais simples e econômica.

Já com relação às espécies utilizadas, ela orienta: “As mais recomendadas são as de pequeno porte, que pesam pouco e não geram grandes sobrecargas na estrutura. A dimensão das raízes também precisa ser considerada, pois se forem muito profundas podem vir a danificar a estrutura da cobertura. Espécies como russelia e grama amendoim são muito utilizadas em projetos de telhado verde”.

 

Modelos disponíveis no mercado

O engenheiro agrônomo e especialista em design biofílico da Ecotelhado – empresa especializada em telhados verdes – comenta que entre as vantagens do equipamento estão o aumento da biodiversidade na cidade, a redução da poluição e a economia financeira, uma vez que a água da chuva pode ser utilizada na limpeza de ambientes, jardinagem ou descargas. No entanto, cada construção exige um tipo mais adequado. Existem pelo menos cinco diferentes. 

Um deles é o sistema azul e verde, que combina duas tecnologias para promover a drenagem urbana com o amortecimento da água da chuva, ao mesmo tempo que age como um purificador urbano. “A água é retida através de uma estrutura de vegetação que atua como reservatório superior. O excesso de chuva infiltra a bacia de amortecimento e, lentamente, a água passa pelo tubo inferior de menor diâmetro. Além disso, quando a intensidade da chuva aumenta, a água passa a circular também pelo tubo superior”, explica.

Outra opção é o sistema alveolar, que tem como objetivo proporcionar ao telhado com pouca ou sem inclinação uma cobertura vegetada para conforto térmico do ambiente interno e maior convívio com a natureza. Seu uso permite inclinação no telhado de até 10° ou 20%. Esse sistema se caracteriza por ser leve e é recomendado onde há pouca circulação. Em sua composição, ele possui a membrana alveolar, responsável pela reserva de água para vegetação. 

Já o telhado verde com sistema modular alveolar grelhado é a melhor opção para coberturas inclinadas. Ele é composto por uma membrana responsável pela reserva de água e ainda possui a inclusão de uma grelha tridimensional de polietileno de alta densidade (PEAD). Seu uso permite inclinação no telhado de até 20° ou 30%.

O telhado verde com laminar médio, por sua vez, conta com um sistema hidropônico que reutiliza, principalmente, a água da chuva e também o próprio efluente (esgoto) tratado da edificação. Assim, você não precisa desperdiçar água potável na irrigação. Com ele, também é possível utilizar placas fotovoltaicas para captação de energia solar. sistema possui um piso elevado com a função de criar, abaixo do mesmo, um reservatório de água ou de ar para isolamento termoacústico. Além disso, permite a passagem de fios ou tubulações.

Já no telhado verde com laminar médio, o sistema comporta um grande reservatório de detenção de água pluvial. Graças a isto, a vegetação possui menor necessidade de irrigação superficial ou, em algumas regiões, até mesmo substitui ou suplementa a irrigação da vegetação e o empreendimento pode se beneficiar com o reservatório de detenção.

 

Como escolher um telhado verde?

O telhado verde é uma demanda tão urgente do mundo atual que ele ganhou até mesmo um dia de celebração mundial: 6 de junho. Nesta data, atividades em diversas partes do planeta exaltam todos os benefícios que ele pode trazer para a vida não só do morador, mas de toda a sociedade. “A busca pelo melhor aproveitamento dos recursos na construção e o foco na qualidade de vida das pessoas na cidade estão impulsionando a procura por telhados verdes em projetos residenciais e comerciais no mundo todo”, comenta a arquiteta Catarina Feijó, da Ecotelhado.

Ela enumera alguns benefícios que essa opção oferece. O primeiro deles é o aproveitamento da água da chuva, que pode ser armazenada e reutilizada no ambiente interno, como na jardinagem ou descargas. Além disso, o item é um aliado para o conforto térmico do ambiente e, consequentemente, a redução do uso de ar-condicionado e de energia. Ele também auxilia no isolamento acústico do ambiente. Os telhados verdes, ainda, reduzem a poluição, já que a vegetação absorve as substâncias tóxicas e libera oxigênio na atmosfera.

 

Moradores comentam melhorias ao aderir ao telhado verde

Moradora há 12 anos de uma ecovila na cidade de Piracaia (SP), Debora Negri tem o telhado verde na sua casa, com projeto assinado pela arquiteta Tery Kanakura. Ela diz que recomenda a opção para todos. “Ele é super térmico e sem manutenção, como normalmente as telhas precisam. Se eu pudesse, eu colocaria o telhado verde no restante da casa que ainda está com telha. A única dificuldade que eu tenho com ele é quando os gatos dos vizinhos resolvem fazer o meu telhado de banheiro. É que eu reciclo a água da chuva, mas com eles, não tem como”.

Já o engenheiro ambiental Leandro Facchini Noleto instalou o sistema hidromodular de telhado verde da Ecotelhado para reduzir a temperatura de sua casa. “A laje tinha começado a apresentar trincas em função da absorção de calor durante o dia e dilatação durante a noite. O problema cessou com a implantação do telhado verde”, explica.

A cobertura verde utiliza uma placa de plástico reciclado que reserva água e não necessita de substrato quando colocado com grama. Segundo Noleto, os benefícios foram além da preservação da estrutura da casa. “O conforto térmico melhorou radicalmente e ainda percebemos o isolamento acústico”, acrescenta.

Quando comprou o terreno em declive na região de Perdizes, em São Paulo, ele já tinha em mente como seria o terraço dos sonhos. “Pensava no design biofílico, na questão de trazer a natureza para perto de casa e da família. Hoje, temos um lugar de convivência sustentável do jeito que queríamos”.

 

Legislação sobre o tema

Em alguns lugares do país, o telhado verde já virou lei. Em Recife, por exemplo, a Lei Nº 18.112/2015 torna o item obrigatório em prédios residenciais com mais de quatro pavimentos e não residenciais com mais de 400 metros quadrados de área coberta. A norma exige, ainda, a construção de reservatórios para captação de água da chuva em novos imóveis, residenciais e comerciais, com área de solo acima de 500 metros quadrados e que tenham 25% do terreno impermeabilizado. As cidades de Guarulhos (SP) e João Pessoa também possuem normas que obrigam a instalação do item em casos específicos.

Já em Porto Alegre, o decreto 20.746, publicado em 2020, incentiva a implementação de áreas sustentáveis de lazer, convívio e contemplação em terraços de edifícios residenciais e comerciais. As coberturas que se adequarem não serão consideradas como área adensável e não entrarão no cálculo da altura quando vinculadas à área condominial ou de uso público. De acordo com a norma, os telhados deverão ter uma área vegetada na proporção mínima de 25% da área total do pavimento inferior, e a área construída ficará limitada a 25%.

 

Dez benefícios do telhado verde

1) A água da chuva pode ser armazenada no telhado verde e reutilizada no ambiente interno, como na jardinagem ou descargas. Desta forma, diminuímos o uso de água potável.

2) Conforto térmico do ambiente e, consequentemente, redução do uso de ar-condicionado e de energia.

3) Com a cisterna no telhado, há melhora na drenagem urbana e evita-se enchentes.

4) Os telhados verdes também reduzem a poluição.

5) É possível aproveitar o espaço para criar uma horta com o plantio de verduras, hortaliças e plantas aromáticas.

6) A Vegetação absorve as substâncias tóxicas e libera oxigênio na atmosfera.

7) Possibilitam o isolamento acústico.

8) Favorecem a biodiversidade, atraindo borboletas e passarinhos.

9) Auxilia na pontuação de certificações, como LEED e Aqua;

10) Pode se tornar um bom espaço de convivência para a família ou um lugar de descompressão nas empresas.

Fonte: Arquiteta Catarina Feijó

Por: Gabriel Menezes

 

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