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Livre de sustos e choques

Por Cidades e Serviços
Última atualização: 23/03/2014
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Gabriel Menezes

O Brasil é o país em que mais caem relâmpagos no planeta, e, segundo os cientistas, a previsão é de que esse número aumente por conta do aquecimento global. E mais: a região sudeste é a campeã de incidências. Por isso, muito mais do que estar em dia com a lei, verificar e manter o para-raios do condomínio funcionando corretamente é uma questão de bom senso.

De acordo com Osmar Pinto Junior, coordenador do Grupo de Eletricidade Atmosférica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Elat-Inpe), os moradores de uma casa ou prédio sem para-raios – ou com um que não esteja em pleno funcionamento – podem correr riscos que vão muito além do que terem seus eletrodomésticos queimados. “Não é sempre, mas geralmente há riscos para os moradores também. Muitos casos de mortes por raios são de pessoas que estavam dentro de suas casas”, diz.

Ele ressalta que, mesmo quando há um para-raios em dia, é preciso ter cuidado. “Não é recomendável ficar na piscina ou numa quadra durante tempestades, por exemplo, pois nenhum para-raios oferece uma proteção cem por cento segura”, explica.

Ainda falta conscientização
De acordo com José Alexandre Michiles, engenheiro civil da APSA, responsável pela manutenção predial, ainda não há uma grande conscientização em condomínios sobre a importância do para-raios. “Na maioria dos prédios que ingressam em nossa carteira, ao realizar as avaliações verificamos que o sistema de para-raios não passou pelas revisões e manutenções periódicas. Em prédios mais antigos, a frequência de irregularidades é ainda maior. Em alguns casos, encontramos apenas partes do equipamento”, afirma.

A lei determina que no Estado do Rio todo prédio com mais de 30 metros de altura é obrigado a ter um para-raios. O equipamento deve seguir as especificações da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Entre os requisitos, está a obrigatoriedade de inspeções anuais por especialistas credenciados pelo Corpo de Bombeiros e pelo Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ). “A fiscalização sobre sistemas de para-raios em condomínios não ocorre de maneira intensa. Mesmo assim, sempre orientamos que os condomínios regularizem a situação por conta da segurança dos moradores”, diz o engenheiro.

Avaliação profissional é indispensável
No Condomínio Macedônia, no Flamengo, os moradores só ficaram sabendo que estavam desprotegidos contra raios e relâmpagos depois que a síndica, Marlene Pimentel, contratou uma empresa especializada para vistoriar todos os itens de segurança do prédio. “A empresa que fez o serviço me disse que o para-raios, além de estar sem manutenção, era ineficiente para o tamanho do edifício, que tem 12 andares. Tivemos que comprar um novo para se adequar às normas”, conta.

Já no Condomínio Venezia, no Maracanã, o para-raios sempre foi uma preocupação para o síndico, Orlando da Silva Braga. Hoje aposentado, por anos ele trabalhou como consultor na área de construção civil. Por isso, sempre soube a importância de manter o equipamento em dia. Há 33 anos como síndico, faz vistorias anuais e perdeu a conta de quantas vezes trocou itens que estavam desgastados. “Como responsável pelo prédio, jamais poderia deixar que ele estivesse em risco. Um para-raios é uma proteção muito grande”, diz.

‘Para-raios não se compra em prateleira’, diz especialista
Antes da instalação de um para-raios num edifício ou numa casa, é preciso a elaboração de um projeto que leve em conta elementos como a altura, o perímetro da construção, a quantidade de partes metálicas no telhado e detalhes da arquitetura. A afirmação é do engenheiro eletricista Luiz Pereira, especialista em descargas elétricas.

“O preço da instalação pode variar de R$ 3,2 mil a R$ 23 mil, dependendo das características da construção. Dentre os modelos existentes, o mais recomendado para casas e edifícios é a gaiola de Faraday, que consiste na colocação de cabos horizontais e verticais por toda a construção, numa espécie de gaiola mesmo”, afirma.

Tão importante quanto a instalação adequada, a manutenção deve ser feita pelo menos uma vez por ano, como determina a lei. Um equipamento que não esteja em pleno funcionamento pode trazer sérios riscos aos moradores. “Um para-raios sem manutenção pode fazer com que o raio desvie o seu caminho e atinja colunas, janelas ou até pessoas. Outro risco é a formação de faíscas, que podem até mesmo iniciar um incêndio. É importante lembrar que em casos assim o síndico pode ser responsabilizado judicialmente”, diz Pereira, ressaltando que o valor da manutenção pode variar de R$ 450 a R$ 1,2 mil.

Para quem procura uma proteção a mais, existe no mercado um serviço chamado detector de raios, que é um sistema que informa com cerca de 20 minutos de antecedência, por meio de avisos por SMS e e-mail, a aproximação de tempestades em locais específicos. Para se ter o benefício, é preciso um investimento considerável: entre R$ 7 mil a R$ 20 mil por mês, dependendo do tamanho do edifício ou condomínio. “É um serviço que estamos tentando popularizar e levar tanto para locais púbicos como residenciais, já que, por conta do aquecimento global, a cada ano caem mais raios”, explica Pereira.

Em prédios antigos, é importante verificar se há o para-raios radioativo, equipamento proibido desde 1989. “Além de serem perigosos, não protegem em nada. A sua retirada deve ser feita por um profissional especializado, que levará o equipamento para um depósito específico da Comissão Nacional de Energia Nuclear. O valor para a retirada pode variar de R$ 600 a R$ 1,8 mil, de acordo com a altura em que ele estiver”, diz o engenheiro.

 

Mitos e verdades sobre para-raios

* As antenas de TV não podem ficar numa altura maior do que o para-raios.
Mito: As antenas podem ficar sim acima do para-raios, mas precisam estar interligadas aos parapeitos e ao próprio para-raios.

* O para-raios de um prédio não protege os que estão próximos.
Verdade: O para-raios protege apenas o prédio em que está instalado.

* Os cabos do para-raios podem ficar juntos escondidos na parte de trás do edifício.
Mito: Os cabos devem ficar a uma distância de 20 metros uns dos outros.

* A guarita externa do edifício precisa de para-raios.
Verdade: É o mesmo caso dos edifícios vizinhos. O para-raios protege apenas o corpo da edificação em que está instalado.

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