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O valor da madeira na arquitetura e decoração

Por Cidades e Serviços
Última atualização: 08/11/2022

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A madeira é um elemento que pode trazer charme e valorizar projetos de arquitetura e decoração. No entanto, ao se decidir utilizar o material, seja na construção ou no mobiliário, é preciso ter alguns cuidados que são extensíveis tanto na hora de escolher quanto na manutenção cotidiana. 

A arquiteta Tery Kanakura explica que, culturalmente, o Brasil utiliza muito menos madeira na construção do que países como o Japão, por exemplo, em que o material é uma opção muito comum. Entre as vantagens dessa escolha, ela aponta a capacidade natural de ser um bom isolante térmico, além de agilizar o processo de construção. 

“Com relação à construção, a casa em madeira sai mais barata que a de alvenaria, porém na hora da venda, a casa de alvenaria é mais aceita e valorizada. A madeira precisa de manutenção constante para não perder as suas propriedades, além de serem necessários tratamentos com produtos químicos para protelar as chamas no caso de um possível incêndio. Feito isso, é possível que dure anos ou séculos”, destaca a profissional. 

Ela comenta que no Brasil é muito mais comum a utilização da madeira em harmonia com a alvenaria. A madeira é indicada, por exemplo, para áreas internas e secas, como as salas e os dormitórios. “Em áreas externas, ela pode ser utilizada, mas demanda maior cuidado e manutenção para aumentar a durabilidade. As melhores madeiras são as nobres, que são mais resistentes, suportam cargas maiores, além de serem mais duráveis. Mas muitas delas só podem ser extraídas com a autorização dos órgãos competentes. Entre as mais populares, podemos citar a Angelim pedra, que tem a sua venda permitida, mas que corre o risco de extinção”. 

Tery acrescenta que, geralmente, a nota fiscal serve como uma garantia de que a madeira é legalizada. Além disso, é possível verificar essa informação por meio de algumas certificações e documentos, como o Documento de Origem Florestal (DOF).

 

O encanto dos chalés e cabanas

Independentemente da idade, é difícil alguém não se encantar ao ver um chalé ou uma cabana. Esse foi um dos incentivos que levaram Tiago Vaz a abrir a Sun House, um negócio especializado nestes tipos de construção, além de Tiny houses (pequenas casas modulares com toda uma filosofia embasada no minimalismo). Antes disso, ele trabalhou com marcenaria na área naval e com mobiliário, acumulando 10 anos de experiência. 

Ele comenta que, apesar de os consumidores terem um certo receio com relação a construções de madeira e metal, devido à cultura da alvenaria no nosso país, atualmente as coisas têm mudado. “O mundo passa por grandes mudanças e tudo que seja menos agressivo ao meio ambiente e mais ecologicamente correto tem a tendência de ser melhor aceito. E a grande vantagem da construção com madeira é o tempo de obra, que chega a 70% menos do que a de uma casa de alvenaria, diminuindo automaticamente o gasto com a mão-de-obra. Outro fator importante é a quantidade de sobra ou desperdício de material: é uma construção muito mais limpa, gera muito menos resíduo e é bem mais leve, pesando frações de uma construção de alvenaria”. 

Tiago ressalta,  no entanto, a importância da escolha do tipo de madeira utilizada nos projetos: “Usamos pinus autoclave tratados, placas OSB, e compensados, todos provenientes de reflorestamento. Já para as telhas, usamos fibra vegetal da linha ecológica. A manutenção é praticamente como de uma casa convencional, só aconselhamos a não lavar o piso, caso ele seja de assoalho de madeira, pois diminuiria a sua vida útil. A limpeza deverá ser feita somente com pano úmido. E a longo prazo é muito simples substituir madeiras e telhas danificadas, pois a construção é toda parafusada e de fácil remoção e instalação”, afirma.

O profissional diz que o custo dos projetos varia de acordo com o tamanho. O valor do metro quadrado pré-acabado é de R$1.800 e o do acabado, R$ 2.500. “As diferenças entre chalés e cabanas partem mais da aparência. No geral, os materiais são os mesmos e as medidas podem ser as mesmas. As cabanas têm um formato mais parecido com uma casa mais tradicional como conhecemos. Já as Tiny Houses vão além de tudo isso. São projetos muito mais modernos e adaptados à realidade atual, de baixo custo, com um design atual, de medidas fáceis de adaptação em terrenos de qualquer tamanho e topografia”. 

 

Dicas e cuidados 

O ofício da marcenaria foi passado para Flávio Henrique Franco de Santana pelo seu pai ainda na infância. De lá para cá, ele trabalhou em diversas áreas da movelaria e também como professor do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). Ele explica que há várias maneiras de identificar se um móvel possui uma madeira de qualidade. Num móvel estofado, por exemplo, em que normalmente não há um acesso direto à estrutura, uma dica é verificar a firmeza (se ele não tem jogo fácil). Já em um móvel de madeira maciça como, por exemplo, uma mesa, pode-se levar em conta o peso. As madeiras de lei ou de melhor qualidade são mais densas e, consequentemente, têm um peso maior. 

Com relação aos cuidados, ele afirma que existem particularidades dependendo do material utilizado, mas alguns pontos são básicos: “É importante sempre evitar que os móveis fiquem em locais com umidade ou que corram o risco de molhar. No mesmo sentido, eles jamais devem ser limpos com água ou pano encharcados. A limpeza deve ser feita com pano seco ou levemente úmido. É importante, ainda, evitar esponjas ou panos coloridos, como as flanelas laranjas. Produtos como limpadores multiuso, álcool, cândida e cloro também não são indicados”, explica. 

Em casos de móveis com partes do acabamento desgastados, o indicado é refazer o ponto ou aplicar algum produto, como, por exemplo, cera de carnaúba, tanto para manter o acabamento, mas principalmente para se impermeabilizar a madeira de uma forma geral.

Flávio também trabalha com restauração de móveis e recomenda que, ao decidir restaurar uma peça, é importante ter um planejamento prévio muito grande para evitar aborrecimentos e até mesmo um desastre com algo que não poderá ser reposto. 

Em primeiro lugar, é preciso ter em mente qual é o objetivo exato da restauração: o processo vai ser parcial ou completo? Irá manter a originalidade ou será repaginado? “Outro ponto muito importante a ser definido é qual investimento será colocado nesse processo, pois muitas vezes uma boa restauração requer um gasto maior. “Sempre que possível, contrate um profissional de confiança. Se não tiver um, é importante buscar referências, como avaliações em sites, por exemplo”. 

 

A vida após a demolição

A madeira de demolição, reaproveitada de antigas construções, ganhou destaque nos últimos anos e se tornou símbolo de sustentabilidade e charme na arquitetura e na decoração. O designer Henrique Canella percebeu isso e começou a trabalhar com o material para fazer as suas peças decorativas, que unem função e contemplação, como vasos e abridores de garrafa. O material é proveniente principalmente de desmantelos e reformas de sobrados antigos. Ele utiliza espécies como peroba do campo, peroba rosa, canela e pinho de riga. 

“No Brasil, ainda caminhamos em passos lentos para a valorização de produtos em madeira. Temos um movimento, especialmente em São Paulo, com feiras e exposições que impulsionam esse trabalho. Muita gente ainda não dá o real valor para as peças. A pessoa está comprando um produto totalmente feito à mão, uma peça exclusiva e promovendo o trabalho de um microempreendedor. Sem contar que a madeira de demolição carrega toda uma história, você investe em algo sustentável, de reuso, além de ter toda a resistência da matéria-prima”, aponta. 

Já o bombeiro e luthier Davi Lopes conseguiu unir os dois ofícios ao transformar as madeiras que resgata de incêndios em instrumentos musicais. Ele teve essa ideia no ano de 2000 e fez o seu primeiro violão em 2004. “O trabalho com as madeiras resultado de incêndios sempre teve um só propósito, o da ressignificação. É o renascer tendo um novo significado, mas com a mesma essência, ou seja, a madeira continua sendo madeira. O que era um móvel, agora é um violão”, diz. 

A partir de 2018, ele levou esse trabalho a um novo patamar ao confeccionar instrumentos com madeiras que resgatou do incêndio que destruiu o Museu Nacional, no Rio de Janeiro. Foram confeccionadas cinco peças: dois violões, um bandolim, um cavaquinho e um violino, todos entregues à instituição. Todo esse processo foi mostrado no documentário “Fênix: o voo de Davi”, produção original do Globoplay em parceria com a GloboNews.

O filme mostra todo o processo de busca do material em meio aos destroços, o trabalho de luthieria e a finalização dos instrumentos, que ganharam padrinhos famosos como Gilberto Gil, Paulinho da Viola, Nilze Carvalho, Paulinho Moska, Hamilton de Holanda e Felipe Prazeres.

Ele transformou, por exemplo, restos da porta da bilheteria, de jacarandá, nos fundos e laterais dos violões, do bandolim e do cavaquinho. A maior parte do material usado estava no interior do prédio do museu, como os batentes de pinho-de-riga e uma viga de braúna, raros na natureza. O trabalho cuidadoso de Davi ainda permitiu que partes de uma viga do Torreão Sul, originalmente os aposentos de D. Pedro II, virassem as escalas de um violão clássico e de um cavaquinho. 

“Transformar as madeiras do incêndio do museu significou para mim a oportunidade de contribuir com a continuação da história através da arte e da música. Posso dizer que o documentário é um reconhecimento do trabalho que venho fazendo há quase vinte anos, e isso é muito bom. Mas impactado mesmo, fico com o brilho no olhar das pessoas, que por meio desse trabalho, percebem que apesar da destruição e do caos que um incêndio deixa para trás, ainda há esperança. Ainda existe uma oportunidade de ressurgir, de refazer as coisas, como a Fênix, ressurgindo das cinzas”, comenta. 

 

Dicas e cuidados com móveis de madeira

– É importante sempre evitar que os móveis fiquem em locais com umidade ou que corram o risco de molhar;

– No mesmo sentido, eles jamais devem ser limpos com água ou pano encharcados;

– A limpeza deve ser feita com pano seco ou levemente úmido. É importante, ainda, evitar esponjas ou panos coloridos, como as flanelas laranjas; 

– Produtos como limpadores multiuso, álcool, cândida e cloro também não são indicados; 

– Em casos de móveis com partes do acabamento desgastados, o indicado é refazer o ponto ou aplicar algum produto, como, por exemplo, cera de carnaúba, tanto para manter o acabamento, mas principalmente para se impermeabilizar a madeira num geral.

 

Por: Gabriel Menezes

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