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Como aplicar o “G” do conceito ESG dentro dos condomínios?

Por Cidades e Serviços
Última atualização: 04/05/2023

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A sigla ESG (em inglês Environmental, Social and Governance – em português Ambiental, Social e Governança) tem ganhado força no ambiente corporativo nos últimos anos. Ela compreende um conjunto de padrões e práticas que avaliam como uma determinada instituição lida com questões ambientais, sociais e de governança, ou seja, analisa em que medida as empresas viabilizam o desenvolvimento sustentável em seu dia a dia e contribuem para um futuro mais seguro para as próximas gerações.

 

O termo foi criado em 2004 pela Organização das Nações Unidas (ONU), e embora sempre que se fale em ESG a sigla esteja geralmente atrelada ao corporativismo, o conceito pode, e deve, ser aplicado a outros âmbitos, como no setor condominial, por exemplo. 

 

Na opinião de Bruno Malvezi, empresário e diretor do Grupo Impper, um condomínio pode ser considerado como uma empresa, e as administradoras, síndicos e moradores precisam entender que seguir os conceitos de ESG pode impactar positivamente a vida de cada um. “A implantação dessas práticas sempre se dá por iniciativa das lideranças, que no caso dos condomínios são os síndicos. Eles é que devem fomentar esta cultura entre os moradores, explicando os retornos que isso pode trazer em termos de redução de custos, qualidade de vida e valorização do imóvel”, afirma.

 

Para cumprir os propósitos ESG, os condomínios devem adotar medidas nas três frentes que compõem a sigla. Um bom começo é fazer um raio-x do status atual e, a partir dele, traçar objetivos. Tudo deve caminhar em consonância, afinal, não adianta ser ecoeficiente e não atender questões de acessibilidade para incluir os condôminos com algum tipo de limitação, por exemplo. Ou ter uma prestação de contas rigorosa pode não ser suficiente, se determinadas medidas podem otimizar os recursos e enxugar gastos sem interferir na qualidade do serviço prestado. Enfim, uma coisa acaba puxando a outra, mas vale lembrar que a aplicação do conceito ESG nos condomínios precisa ser de maneira coletiva para se chegar ao resultado esperado.

 

Plano de Governança

 

Ao aplicar o ESG na gestão de condomínios, no que diz respeito ao pilar da governança, as palavras de ordem são ética e transparência na contratação e prestação de contas, com mecanismos de controle interno e de compliance bem definidos e a participação ativa dos condôminos em todas as decisões. Por isso, o gestor deve oferecer canais para o diálogo, o debate saudável e o compartilhamento de ideias que possam trazer benefícios para todos.

 

Além disso, a governança condominial também pode ser melhorada através da responsabilidade na gestão dos recursos do condomínio. Para o advogado especialista em direito imobiliário, Leandro Sanchez, a auditoria preventiva, atuando como Conselho Fiscal independente, pode atuar como balizador importante nesse processo, já que a gestão eficiente de recursos financeiros, incluindo a realização de orçamentos, monitoramento de gastos e manutenção de registros financeiros precisos e transparentes, tranquiliza toda a comunidade envolvida. 

 

“A auditoria condominial também pode ser instrumento para avaliar a atuação dos gestores na administração do condomínio, dando maior tranquilidade aos condôminos através da emissão de relatórios mensais de acompanhamento”, exemplifica Leandro.

 

Por fim, a conduta corporativa do síndico também faz parte da governança, pois se refere à sua postura para fazer cumprir a convenção, o regulamento interno e as decisões da assembleia como previsto no Código Civil. Seu comportamento ético deve servir de inspiração para os colaboradores, condôminos, parceiros e prestadores de serviço.

 

Quanto antes o condomínio se movimentar em direção ao ESG, mais fácil será sua adaptação. Ficar de fora não é mais uma opção. “Os condomínios comerciais de grande porte e os corporativos já adotam há mais tempo sistemas de gestão mais profissionais e qualificados. Agora chegou a vez de os condomínios residenciais também serem administrados de forma mais eficiente e com olhar voltado a todas essas tendências”, aponta Bruno Malvezi.

 

No entanto, é importante lembrar que a implementação de práticas ESG deve ser feita de forma planejada, de modo a garantir que os benefícios sejam sentidos a médio e longo prazo. É importante envolver todos os públicos (moradores, síndico, conselho fiscal, conselho consultivo, auditores, independentes, administradores e outros envolvidos) no processo de implementação dessas práticas, de modo a garantir o sucesso e a sustentabilidade de todas as iniciativas.

 

Para Leandro Sanchez, a valorização do imóvel em condomínios que adotarem essas práticas e políticas de responsabilidade social, ambiental e de governança será, sem dúvida, um benefício adicional e relevante dessas iniciativas. Isso pode ocorrer por vários motivos, incluindo a criação de um ambiente de trabalho mais atraente e saudável, com a diminuição dos custos operacionais, maior transparência na gestão financeira e no aumento da satisfação e do bem-estar dos moradores. 

 

“A valorização também pode ser influenciada pelo crescente interesse dos investidores e compradores por imóveis sustentáveis, responsáveis, com administração transparente e comunicação clara, tornando-o mais atraente para venda. Neste caso, todo mundo ganha!”, defende o advogado.

 

As boas práticas ambientais, sociais e de governança devem ganhar cada vez mais força na agenda condominial. Os benefícios e as oportunidades que as abordagens ESG no condomínio podem propiciar não serão conquistados da noite para o dia, mas com esses exemplos, um condomínio pode atender os requisitos do ESG. É importante frisar que ainda não se tem uma certificação ESG para condomínios, mas há estudos em andamento com essa finalidade. 

 

As práticas do ESG são um caminho sem volta em todos os níveis da sociedade, tornando-se estratégicas para a administração, seja empresarial ou condominial, elas agregam valor ao cotidiano de quem nesse conceito está inserido. O ESG também vai além de atos. Nele, representantes de empresas, de condomínios ou de onde mais for, se tornam não só agentes executores de ações, mas também multiplicadores de conceitos e filosofias, por meio de iniciativas e campanhas que tragam reflexões e que podem mudar comportamentos e a vida das pessoas. E quando as pessoas mudam, o mundo muda também.

 

Por: Juliana Marques

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