PUBLICIDADE

Poço artesiano: solução pode trazer benefícios a longo prazo

Por Cidades e Serviços
Última atualização: 06/06/2023

Imagem poço artesiano
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

O abastecimento de água vem se tornando um tema bastante discutido no universo dos condomínios. Sabemos que os serviços públicos andam em crise por diversos motivos: alterações climáticas que trazem períodos mais longos de seca, dificuldade de tratamento da água dos rios, água cada vez mais suja para ser tratada… Tudo isso vem provocando problemas em diversas capitais brasileiras e os síndicos começam a buscar novas soluções para a substituição, como, por exemplo, os poços artesianos.

A perfuração de um poço artesiano vem sendo cada vez mais cogitada em condomínios, devido aos benefícios que o método pode trazer a longo prazo, especialmente no que se refere à economia, já que a crise hídrica também faz o preço do fornecimento público de água subir. 

O poço artesiano, mesmo não sendo uma solução relativamente nova, pode apresentar vantagens únicas, graças ao seu funcionamento relativamente simples após a instalação, porém, é preciso calcular bem e entender como fazer a sua perfuração e regularização, evitando futuras dores de cabeça e até mesmo problemas graves de contaminação.

Mas como funciona o poço artesiano? Os poços artesianos são estruturas abertas no solo, que têm como objetivo captar água de lençóis freáticos para o consumo. Eles possuem um diâmetro pequeno, porém alcançam grande profundidade. Ao contrário de outros tipos de poços, os artesianos são capazes de jorrar água livremente, sem a ajuda de bombas ou outras ferramentas.

Diogo Taranto, especialista em gestão e tecnologias ambientais e diretor de desenvolvimento de negócios no Grupo Opersan, explica que, inicialmente, qualquer condomínio poderia ter um poço artesiano: “Salvo por algum impeditivo técnico, tais como contaminações de subsolo pré-existentes, indisponibilidade hídrica e histórico de qualidade ruim da água a ser captada”, diz.

O especialista conta que, primeiro, ao decidir construir uma estrutura de poço, o condomínio precisa realizar uma avaliação minuciosa no local para entender os impactos, a geologia e, principalmente, a qualidade da água.

“Superada a análise técnica preliminar deve começar o processo de requisição de licença de perfuração. Emitida a licença, começa o rito de perfuração com teste de vazão, análise da água e consolidação do tipo de tratamento requerido em função da qualidade da água testada. Com os dados técnicos do poço em mãos, é seguida a etapa de requerer a outorga de captação, que é o documento que autoriza a exploração do poço e captação da água”, relata.

Existem diversos procedimentos técnicos e normas da ABNT que vinculam a forma como o poço deve ser perfurado, em função do tipo de solo e local onde este será posicionado. É preciso ainda se adequar às normas das entidades públicas de controle e abastecimento de água como a Anvisa, o Departamento de Água e Esgoto regional, o Ministério da Saúde, entre outras. Um estudo de 2019 do Instituto Trata Brasil em parceria com o Centro de Pesquisa de Águas Subterrâneas da Universidade de São Paulo (USP), mostrou que há cerca de 2,5 milhões de poços artesianos no Brasil. Desses, 88% são clandestinos, o que implica em graves possibilidades de contaminação da população.

O biólogo e especialista em gestão ambiental, Valdir Viana, criador da Renascer Assessoria Ambiental e vice-presidente da Associação Brasileira no Controle de Vetores e Pragas, explica que apesar de quase todo condomínio ter condições de construir um poço, os processos não são tão simples, especialmente pelo fato de que, ao se erguer uma estrutura como essa, também será necessário acoplar uma estação de tratamento para a água, de acordo com o seu teste de qualidade. 

“Normalmente tem água, mas nem sempre é água potável e apropriada. Dependendo do local, pode sair água ferruginosa ou num terreno arenoso. Dá para tratar a água, mas quanto mais tratamento for necessário, mais caro esse processo será”, diz.

Para ele, antes de dar o passo em direção ao poço, deve-se avaliar bem, pois a longo prazo, pode acabar saindo mais caro pagar todo o investimento em relação a manter o abastecimento com o serviço público. 

“É preciso montar uma mini-estação de tratamento em qualquer poço. E quando se instala a estação, precisa de manutenção. Às vezes, o custo vai ser muito alto. Se pensarmos no Rio de Janeiro, na Barra da Tijuca, por exemplo, tem bastante água. No Recreio, que é o bairro do lado, nem sempre. É preciso avaliar cada caso”, reflete.

Ele lembra ainda que estamos falando de lençóis freáticos, ou seja, é água que fica debaixo da terra e que pode mudar sua qualidade a qualquer momento. “O poço tira a água de lençóis freáticos, mas essa água pode mudar, qualquer perturbação do solo, como chuvas, pode causar alterações. Se ocorrer uma enchente, essa água da cidade vai para o solo e o lençol absorve, e aí você pode puxar no seu poço”, diz.

 

Como fazer um poço artesiano adequadamente?

Se mesmo pesando os prós e os contras, os prós forem mais fortes, é necessário procurar uma empresa especializada para a prestação do serviço. E é claro que isso também precisará de deliberação e concordância em assembleia.

“A empresa que presta o serviço deve ter conhecimento e experiência na área de forma comprovada. Esta empresa deve ser proativa em se manifestar que atende todos os requisitos legais, e não sugerir dar um jeitinho de realizar processos de perfuração sem as devidas habilitações. Por fim, que a empresa possua mão de obra e maquinários próprios para a execução dos serviços na complexidade que o local de perfuração requerer”, diz Diogo Taranto.

Segundo Taranto, um poço bem instalado só traz benefícios ao condomínio, não somente em redução de custo, por substituir o pagamento da tarifa da concessionária pública, como também e, principalmente, em função da qualidade de água que será consumida. 

“A água oriunda de poço, passando por um tratamento específico e dedicado proporciona, na maioria dos casos, uma qualidade bastante superior àquela que chega em nossas torneiras oriunda dos sistemas públicos convencionais, cheio de problemas operacionais, que captam água de local onde esgotos são lançados, e ainda transitam por quilômetros de tubulações, em alguns casos, com mais 30 anos de uso”, conclui.

 

Por: Mario Camelo

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE