Aproveitamento de água da chuva

A captação de água da chuva em condomínios é um sistema que tem chamado cada vez mais a atenção de síndicos e moradores. Os principais motivos são a redução no consumo de água tratada e, consequentemente, a redução no valor da conta no final do mês, já que a água captada pode ser reutilizada de diversas maneiras dentro do próprio condomínio.

Existe um projeto de lei (nº 324/2015) que obriga que as novas edificações residenciais tenham incluído no projeto técnico da obra um item referente à captação e aproveitamento de águas pluviais e seu reuso nas áreas comuns. No entanto, os edifícios já construídos também podem se adaptar e implementar outros sistemas para captação e abastecimento de água no condomínio.

Segundo Andrea Giorgi, especialista em projetos de sustentabilidade e ESG (do inglês, “Environmental, Social and Governance” refere-se a “Ambiental, Social e Governança”), muitos condomínios podem adaptar o sistema que já possuem, mas poucos sabem dessa possibilidade. “Muitos empreendimentos já contam com um reservatório para água da chuva. O que acontece é que, atualmente, essa água é bombeada para fora do condomínio, ou seja, para a rua. É possível alterar essa saída para dentro do condomínio, para usar essa água na limpeza das áreas comuns e na rega das plantas, por exemplo.”

Um bom projeto de aproveitamento da água da chuva pode ajudar o seu condomínio a ser mais sustentável, além de apresentar diversas vantagens para todos os moradores.

Mas como implantar um projeto de captação de água de chuva no condomínio?

Primeiramente, deve haver um planejamento, saber qual o volume que será captado, o melhor local de instalação e onde a água será coletada. No caso de mudança no sistema de escoamento da água que vai para a rua, para dentro do condomínio, é necessária uma obra de baixa complexidade que inclui uma bomba que o sistema já possui, bombeando esta água através do novo encanamento que será instalado diretamente nos pontos que serão utilizados, como as torneiras do jardim e das áreas comuns do condomínio. A economia estimada em um sistema desse tipo é de até 20% a 30% na água utilizada nas áreas comuns.

Para que a obra seja realizada no condomínio, o ideal é a convocação de uma Assembleia de condomínio para que todos os condôminos tenham consciência quanto à situação e possam ajudar na tomada de decisão, assim como a aprovação de eventuais custos extras.

O método mais comum é o uso de cisternas que podem ser usadas como reservatórios que captam e armazenam a água da chuva. Além de poupar esse recurso tão escasso, existe um benefício econômico de quase 50% no consumo do condomínio, já que a água pluvial pode ser aproveitada para fins não potáveis, como limpeza de áreas comuns, irrigação de jardins, descargas de vasos sanitários, lavagem de carros, sistemas decorativos aquáticos, tais como fontes, chafarizes, espelhos e quedas d’água, reserva de proteção contra incêndios, entre outros.

O telhado é o local mais fácil para fazer a captação da água de chuva – pode ser o próprio telhado do prédio, ou o telhado do salão de festas, da churrasqueira, espaços gourmet etc. O melhor custo-benefício é aproveitar a própria estrutura do prédio para instalar um sistema de abastecimento por água da chuva. Pode-se instalar o reservatório em locais mais elevados e, por gravidade, a água poderá ser utilizada em mangueiras ou retiradas manualmente.

Para conseguir saber o tamanho da cisterna que você deverá utilizar, basta pegar o tamanho do telhado (em metros quadrados) e multiplicar pela altura do índice pluviométrico da região (em metros), ou seja, a quantidade de chuva. Assim, o resultado será o volume em litros que chove na sua região.

O custo de uma cisterna varia de acordo com o seu volume de armazenamento. A empresa Tecnotri fabrica cisternas verticais feitas de material 100% reciclado de volumes até mil litros a um valor de aproximadamente R$1800. Elas podem ser interligadas com outras aumentando a capacidade do seu projeto de armazenamento. Há ainda outras opções de sistemas de captação de água da chuva, como as mini cisternas ou cisternas para a captação da água da máquina de lavar roupa, por exemplo.

Caso haja interesse, com um maior investimento, empresas especializadas podem otimizar o aproveitamento da água da chuva. A água captada pode ser enviada para um segundo tanque e se conectar a uma rede específica de encanamentos para abastecer os apartamentos individualmente. Deve-se analisar as plantas hidráulicas do prédio estudando a viabilidade do projeto e apresentar os pontos de conexão mais adequados sem impactar o sistema hidráulico original.

Entretanto, o mais comum é querer aproveitar a água da chuva nas áreas comuns do condomínio, de modo que o projeto de captação não exige grandes modificações na estrutura hidráulica, fazendo com que o investimento seja relativamente baixo e os ganhos significativos. Para os condomínios que ainda não possuem o sistema pluvial com reservatório, o ideal é a solicitação de orçamentos em empresas especialistas no assunto e que possuam um engenheiro responsável, pois para este tipo de obra, que é considerada alteração na estrutura do condomínio, é preciso o documento de ART (Anotação de Responsabilidade Técnica).

Por: Juliana Marques