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Quais são os principais desafios na gestão de resíduos no seu condomínio?

Por Cidades e Serviços
Última atualização: 02/01/2024

Closeup of hands separating plastic bottles
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Juliana Marques

 

Um dos principais desafios da gestão condominial é o gerenciamento de resíduos e o descarte correto do lixo. Isso porque o processo envolve organização e alinhamento entre a administração do condomínio e os funcionários e, acima de tudo, educação e conscientização dos moradores. 

 

Segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos*, produzido pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais – ABRELPE, no ano de 2019, a geração de resíduos sólidos por habitante no Brasil era de 379 kg/ano e, durante o período da pandemia, a geração de resíduos sólidos nos domicílios brasileiros cresceu 4%. A conclusão é que cada pessoa produz, em média, cerca de 1 quilo de lixo por dia e os condomínios residenciais são considerados os grandes geradores de resíduos.

 

Agora imagine quanto resíduo é gerado em um único condomínio? Esse é um dos maiores desafios da administração condominial, e ainda uma realidade que precisa ser reavaliada para incluir a questão e a responsabilidade ambiental nessa parcela tão significativa da população brasileira. 

 

Vigente desde agosto de 2010, a Lei Federal 12.305, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), determina a responsabilidade sobre a coleta e reciclagem de resíduos. O texto diz que cabe aos condomínios e aos seus moradores a responsabilidade da instalação de um sistema de coleta seletiva e de separação dos resíduos em três categorias: recicláveis, orgânicos e rejeitos. Dessa forma, todo condomínio precisa estar em conformidade com a legislação e disponibilizar diferentes locais de depósito de lixo para os moradores.

 

Para o biólogo e sanitarista, Guilherme Andrei, é imprescindível que prédios e condomínios tenham um programa de coleta seletiva de resíduos, que conte com a separação do lixo orgânico e do material reciclável. “O descarte correto de resíduos é uma responsabilidade de todos nós, afinal, todos usufruem do meio ambiente e das consequências da falta de cuidado com ele. A regra é clara: lixo deve ser jogado no lixo. Existe uma legislação para isso e que deve ser respeitada por todos os cidadãos”. 

 

Guilherme ainda sugere: “uma ação importante é desenvolver programas de coleta seletiva e investir em projetos de conscientização dos moradores, afinal, eles também podem ser afetados pelo descarte incorreto do próprio lixo”, finaliza. 

 

Para que o morador descarte o lixo no local certo é preciso que haja um local para isso. Dessa forma, é necessário que sejam disponibilizadas lixeiras diferentes, como orgânico, seco, papel e vidro, por exemplo. Além disso, é importante conscientizar os moradores a depositarem o lixo no local correto, caso contrário, de nada adianta ter essas lixeiras separadas. A área também deve ser bem sinalizada para evitar que algum morador alegue que não a tenha visto. 

 

Em se tratando de lixo, o indicado é que os moradores observem os locais corretos de depósito e separem os resíduos a serem reciclados. Além disso, eles também são responsáveis por orientar os visitantes a não colocarem lixo doméstico nas áreas comuns, como piscinas e playgrounds. As crianças também podem ser educadas a não jogarem lixo pelas janelas dos apartamentos e nem os descartarem nos elevadores.

 

Todas essas medidas são imprescindíveis em prol da estruturação do descarte correto do lixo nos condomínios. Alguns sugerem até a instalação de lixeiras nas escadas ou, ainda, no final dos corredores dos andares. À primeira vista, pode parecer algo positivo, porém, a prática não é recomendada pelo Corpo de Bombeiros, pois as lixeiras poderiam impedir ou dificultar o combate a incêndios no caso de uma eventualidade. Outros ainda exigem a disposição do lixo nas lixeiras somente nos dias de coleta, sujeitando o morador à multa em casa de descumprimento. 

 

A verdade é que nada adianta ter funcionários treinados e lixeiras espalhadas e separadas pelo condomínio, se os próprios moradores não fizerem o seu papel e não contribuírem com a separação dos seus resíduos. O síndico pode estipular na Assembleia penalidades para os casos de descumprimento de regras, que podem ir desde advertência formal até multa proporcional à taxa de condomínio. Para que isso não aconteça é preciso mantê-los informados sobre a separação do lixo e o descarte correto do mesmo através de comunicados, avisos nos elevadores ou até em mensagem via aplicativos. 

 

A síndica do condomínio Torre de Bronze, localizado na zona sul do Rio de Janeiro, Amélia Maia, afirma que já enfrentou muitos problemas com o gerenciamento do lixo, mas hoje conta com a colaboração dos próprios moradores na separação dos resíduos. “Quando assumi a gestão do condomínio não havia lixeira para lixos orgânicos e recicláveis, todos eram jogados no mesmo recipiente e embalados de maneira inadequada. Isso gerava mau cheiro nos corredores, uma má impressão na região da lixeira, atraía insetos e até roedores”, lembra a síndica. Diante do grande problema que tinha nas mãos, Amélia resolveu colocar ordem no processo e após dois anos de muito trabalho e insistência, hoje o condomínio é um exemplo de separação e destinação correta de resíduos. 

 

“Esse era um problema que me incomodava enquanto moradora e no meu primeiro mandato como síndica foi um dos principais problemas que fiz questão de resolver. Após muita análise, organização e colaboração dos moradores, hoje podemos contar com uma área destinada ao descarte correto de resíduos orgânicos e recicláveis”, comemora a síndica. 

 

A comunicação é a ferramenta primordial para o sucesso no gerenciamento de resíduos nos condomínios, assim como o exemplo do Torre de Bronze, é importante que se aposte em diversos canais de diálogo com os diferentes públicos do condomínio, como funcionários, moradores, visitantes e prestadores de serviço. Seja conversando pessoalmente ou através de comunicados, é importante mantê-los engajados e envolvidos no processo, mostrando todos os benefícios da adoção dessas medidas. Afinal, a destinação correta do lixo é fundamental para manter um ambiente agradável, saudável e seguro para todos, além de contribuir para a preservação do meio ambiente.

 

(*) Fonte: https://abrelpe.org.br/panorama-2020/ 

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